domingo, 12 de dezembro de 2010


O que tem para mostrar a fotografia Contemporânea?

Série: Vestígios Urbanos : flavio Pettinichi - 2010

"paissagem Urbana" – Umidade sobre Parede- Cabo Frio- RJ. Brasil
Fotografia Digital – Canon EOS – Rebel XS- Tratamento de contraste no Corel Photopaint.flavio Pettinichi- 2010

Eu quero fotografar alem da imagem objetiva, quero captar uma imagem que desenhe sonhos e acorde perguntas (quase) sem respostas.

Eu quero captar o instante onde a matéria se mimetiza e descompõe no éter do tempo sem agulhas.

Não sei nada de técnica fotográfica e não quero saber, seria como deixar de respirar por alguns instantes e pensar quanto tempo de vida teria pela frente se os poupa-se.
Para mim a fotografia é pulsação e labirinto.

Flavio Pettinichi- 12 -12- 10

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010


O que tem para mostrar a fotografia Contemporânea?

Série: Vestígios Urbanos : flavio Pettinichi - 2010

Fóssil –
Fotografia Digital – Canon EOS – Rebel XS- Tratamento de contraste no Corel Photopaint.

Harry Morey Callahan

Fotógrafo norte-americano nascido em 1912, em Detroit, nos EUA, e falecido a 15 Março de 1999, em Atlanta, também nos EUA.
Em 1934 estuda Engenharia Química, dedicando-se depois a Economia. Depois de concluir a educação obrigatória, vai trabalhar para a Chrysler Motor Parts Corporation. Em 1936 casa com Eleanor Knapp, que viria a servir de inspiração para muitos dos seus trabalhos. É também por esta altura que começa a desenvolver um grande interesse pela fotografia, principalmente devido ao contacto com o clube de fotografia no seu local de trabalho. Dois anos depois compra a sua primeira máquina fotográfica, uma Rolleicord 120. Depois de frequentar um workshop em Detroit, leccionado pelo fotógrafo paisagístico Ansel Adams, começa a praticar mais seriamente fotografia.
Callahan era essencialmente um autodidacta. Um marco decisivo na sua carreira foi a viagem a Nova Iorque, em 1945, em que contactou pessoalmente com muitos fotógrafos de prestígio, como Berenice Abbott, Minor White e Paul Strand.
No final dos anos quarenta, conhece László Moholy-Nagy, director do Instituto de Design de Chicago, inicia a sua longa amizade com Edward Steichen, director do Departamento de Fotografia do Museu de Arte Moderna de Nova Iorque. Callahan acabaria por participar em diversas exposições no Museu de Arte Moderna durante os anos 40 e 50, dando assim a conhecer o seu trabalho ao público.
Em 1946, muda-se para Chicago, para leccionar no Instituto de Design. É durante esta época que produz as suas fotografias mais famosas. Callahan criara um estilo próprio, procurando expressar a sua vida e as suas observações através da fotografia. Não é, por isso, de surpreender que o que mais prevalece no trabalho de Callahan são os retratos da sua mulher Eleanor e da sua filha Barbara. São fotografias que apresentam, sobre diversos ângulos, Eleanor nas ruas de Chicago (Eleanor, Chicago, 1953) e em sua casa (Eleanor, Chicago, 1948), e Eleanor e Barbara no dia-a-dia.
Em 1961, deixa Chicago para assumir a presidência do Departamento de Fotografia do Instituto de Design de Rhode Island, cargo que desempenharia até 1973.
Callahan foi um professor influente e um exemplo para muitos alunos que mais tarde vieram a ser fotógrafos de renome, como Yasuhiro Ishimoto e Kenneth Josephson. As experiências e as inovações que introduziu influenciaram decisivamente o programa do Instituto de Design.
Na década de sessenta, as famosas séries de Callahan, com close ups de mulheres anónimas de Chicago a irem às compras, deram início a uma tendência fotográfica que procurava captar as pessoas comuns, celebrando a sua individualidade.
Apesar de Callahan ter experimentado o uso da cor no início da sua carreira, os seus trabalhos das décadas de cinquenta e sessenta são, na sua maioria, a preto e branco. Só voltaria a utilizar a cor em 1977, nos seus estudos paisagísticos e arquitecturais.
Callahan continuou com as suas explorações na fotografia durante toda a sua carreira, embora nos últimos anos de vida optasse por voltar a centrar-se nas paisagens e nas cenas de rua.
Os seus trabalhos foram publicados em revistas, como Life, Newsweek, New York Times, U.S. Camera, Aperture, e Harper's Bazaar, e expostos em inúmeros museus um pouco por todo o Mundo.

terça-feira, 30 de novembro de 2010



Deixei me fisgar nas redes do teu amor
Agora as cores do teu sorriso pintam a tela dos meus dias.

FlavioPettinichi – 30- 11- 2010

quarta-feira, 17 de novembro de 2010



fotografiaDigital- "Labirinto" Flavio Pettinichi -2010


Mergulho na constância abismal dos sentidos
E o porvir se espelha em olhares de cor e luz
Eu não desejo a possibilidade do racional e sim um labirinto de intermináveis "nuances" humanas.

Não há palavras que não me levem até o mar
Onde um bote soltou amarras do cais dos sonhos.
Este poema não é brisa nem maresia, é sim a exaustão das ondas e o grito das correntes que de longe gemem à intensidade do ser.

Arranquei as armaduras que oprimiam toda canção de extensa ternura.
Já nada é tão pecaminoso que a culpa de existir não tenha se redimido no céu escuro do poeta

Então que destino procuras nestas palavras desertas?
A estrofe finge sua razão de tempo na cronologia da caneta.
O verso mente em silêncio o salmo espúrio resgatado de um túmulo vazio.

Procura na lágrima, que nesta hora não cai, e encontraras a essência deste poema.

Flavio Pettinichi- 16- 11- 10

domingo, 31 de outubro de 2010




Uma brisa de sonhos invade hoje a paisagem
E o teu sorriso é a razão das cores e os sentidos

Quero a leveza que carregas como flores e espigas
Quero o teu manto dourado de paz cobrindo meu tempo.

Quando as marés escutaram teu canto calaram as espumas.
Quando a distância viu teu ser, renunciou a sua condição e te trouxe até minha geografia
Assim o teu amor é um mar de calmas onde meu navio de desejos puros quer navegar eternamente.

para Cris ,pessoa especial nos meus dias de trancendencia humana!!!!
Flavio Pettinichi- outubro30 de 2010

domingo, 24 de outubro de 2010


"destino de espuma"
Fotografias , montagem e texto : Flavio Pettinichi-2010

As sombras dissiparam-se sem lamentos
E no sutil jardim da tua alma germinam sementes de luz.

Quando as horas choraram espigas os campos cantaram estrelas em sol...maior
Então não tínhamos palavras escondidas e a vida era uma ciranda de sonhos.

Eu me lembro do teu riso como as gaivotas lembram-se das brisas, poeticamente necessárias.

Dá-me tua mão agora que a noite está desperta, abraça meu alento antes que as estrelas adormeçam, me beija e me leva.

Meu caminho está semeado de marés e
Teu destino é o meu lar de espuma.

Quero toda a tua oceânica ternura
Leva de mim o atlântico sentido de ser
Depois ,tudo será mar,tudo será amar...

Flavio Pettinichi- 24- 10- 04

quinta-feira, 21 de outubro de 2010


"violino de sonhos" Fotografia e Montagem: FlavioPettinichi -2010 - Modelo:N

Dormi escutando teu som de cordas e mar
E numa partitura de sonhos deixe-me ir
Não acordei essa noite , quis naufragar na tua correnteza
e nunca mais voltar.

Flavio Pettinichi- 22-10-2010

segunda-feira, 18 de outubro de 2010


" série "vestido Branco" Fotomontagem - Flavio Pettinichi- outubro 2010-

Intermináveis portas de um labirinto cego , assim o amor vai surgindo dentre os gritos da floresta dos sentidos do ser.
Quem terá a coragem de limitar a forma dos desejos e a alquimia que transforma o medo?
Porque se descobre a cada instante alguma pergunta pudicamente nua escondida na inocência
Então não vislumbramos cores de uma tela abstrata e toda música escapa espavorida dos sonhos
Diz-me agora, quando foi que esquecemos o jornal numa plataforma sem trens?

Em que momento uma folha seca de outono parou exausta de lutar contra o vento?

Quando foi que a última gota do suor do teu sexo afogou o mistério de Eros?

Sinto que não há horas marcadas por fagulhas de fogo e nem beijos tão eternos que não perdoem o pecado do tempo

Uma luz espera na orfandade da noite
Eu também espero...
Flavio Pettinichi- 18- 10- 10

sexta-feira, 15 de outubro de 2010


"Vestido Branco" Foto digital - Flavio Pettinichi- 2010

O que eu procuro é tão simples que não tem sequer peso ou forma
Algumas sombras coloridas nas tardes de primavera
A cadência da fruta madura escapando por cima do muro
Teu rosto escondido atrás do espelho do antiquário
Uma flor que murchou esperando a memória dos dias de nós.

O que eu procuro não tem nome nem data marcada
Guardar em mim o silêncio das pedras e sua ancestral matéria
A lágrima que não foi chorada e o beija-flor que não nasceu
A palavra ingênua que derrubou Golias quando o mito nascia

O que eu procuro não está nos dicionários nem nas multidões vazias
Eu quero a dor do espinho alimentado do meu sangue na hora de colher a rosa
O grito da culpa na sentencia do inocente sem causas
O brilho da guilhotina antes do espanto
O desalinhado despir do teu vestido branco sem prosa e sem rima
Só isso.
Flavio Pettinichi – 15- 10- 10

quarta-feira, 13 de outubro de 2010


" Erotismo Precoce"
(texto Poético conceitual para a Exposição fotográfica, em andamento, ”Erotismo Precoce”)


A voracidade dos infantes desejos
As sombras companheiras inseparáveis da luz
O pulso latejante que ecoa sem pausa em nós
Assim o erotismo sanguíneo corre em ti como um rio
sedento de vida

Despertarei um dia sem horas nem gritos
Andarei um dia sem caminhos nem atalhos
Meditarei sem deuses ou preces egoístas de mim
Assim o teu erotismo precoce será o instante onde as almas se reconhecem
no silêncio.

Agora quero só este olhar que se perde na geografia do desejo
Agora as minhas mãos só querem o tátil espanto da derme
Agora é teu ofegante poema quem reluz na intensidade da noite
E eu contemplo as tuas cores escondidas na inocência de um brinquedo.

Flavio Pettinichi-13- 10- 10

domingo, 10 de outubro de 2010




cancer de mamas e prevenção- auto exame

fotos da Mostra fotografica de Flavio Pettinichi "se toca cabo Frio" outubro 2010



Cancer de mama e prevenção

Flavio Pettinichi – Artista Plástico
Fotografia Digital Manipulada
Cabo Frio 08 de Outubro de 2010

Se toca no toque
No toque das águas e o clarão da espuma
Se toca no toque
No toque da noite e sua lua desnuda
Se toca no toque
No corpo pulsando e na ferida crua
Se toca no toque
Nas cores do tempo e nas flores colhidas
Se toca no toque
No céu infinito e na infinita ternura
Se toca no toque
Na mulher de nuvens de noite e de dia
Se toca no toque
Na essência fêmea que é a razão de toda vida.

domingo, 3 de outubro de 2010



"Lua da paixão" Foto digital manipulada-

Não te perdoei pelas noites de brisas

Não te perdoei pelas noites de brisas
Nem pelas mãos dadas na hora da chuva
Não te perdoei pelos sorrisos escondidos
Nem pelo teu olhar que guardava estrelas

Não te perdoei pelos sonhos vivenciados
Nem pela sombra do teu corpo no meu
Não perdoei cada suspiro arrancado da noite.
Nem pelas flores que nasceram na madrugada.
Não te perdoei pela poesia que brotou da minha pele
Nem pelas ondas de um mar que em nós desaguava em mil cores
Não te perdoei pelo tempo que não existiu no instante do beijo
Não teu perdoei porque o nosso amor nunca terá sentencias e sim muitas reticências.

Flavio Pettinichi- 02- 10- 10

sábado, 2 de outubro de 2010

segunda-feira, 13 de setembro de 2010


" Poesia Natural" foto : Flavio Pettinichi- 2009

Porque temos mais de mil razões para ser felizes
Porque não temos nenhuma razão para estar tristes
Porque a vida não pede licença para ser vivida
Porque a morte tampouco pede licença para chegar
Porque as orquídeas só florescem um mês no ano o ano todo
Porque há música quando o rio dorme dentre as pedras
Porque há caminhos que ainda não existem e nós já estamos andando neles
Porque inventamos loucas razões para estarmos juntos
Porque não há tempo nos relógios dos amantes
Porque do amanhecer ainda o que mais gostamos e a saudade da estrela
Porque Stradivarius criou o violino e Deus o homem e seu ouvido
Porque cada vez que pensamos no passado o presente é o único futuro
Porque te amo
Eu te espero!
Flavio Pettinichi – 14 – 09 - 2010

sábado, 11 de setembro de 2010


"bromelia " foto Flavio Pettinichi- 2010

“então as primaveras foram a nossa razão da vida, porque o outono tinha passado, e o inverno estava acabando e o verão ainda era parte do silencio da semente que germina à poesia da vida.
E eu te amei, cego e alucinado nas trincheiras dos que lutam e se entregam à vida como a pétala se desgarra para dar o sentido da flor.
E te senti além dos mistérios da noite e a sua constelação de saudades e lágrimas.
Agora, quando as tuas palavras guardam o encantamento dos magos é quando viajo em ti
Agora , neste instante onde vejo teu rosto dormido num sorriso de esperanças é quando calo
Porque as palavras perderam o sentimento da dor e todo caminho me leva até o refúgio da tua alma.
Porque eu te amo além dos limites da minha alma.


Flavio Pettinichi- 12 – 09- 2010

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Não há nada mais importante que a tua presença





Não há nada mais importante que a tua presença
Não há cinema nem coitos intelectuais
Não há lua no mar nem nostalgias vadias
Não há aquele final do livro nem o ultimo cigarro
Não há a noticia de ultimo momento nem Caetano
Não há falta de tempo porque nem tempo há
Não há festa nem amanhecer de fogos
Não há meu silêncio egoísta e criativo

Nada é mais importante que a tua presença

Presença do riso e das lágrimas contidas
Presença alerta na guerrilha dos sentidos
Presença do cheiro do teu corpo e o teu desejo
Nada há de ser mais importante que a tua presença
Pois nela eu me espelho como num lago de mansidão
E sonhos eternos!
Flavio Pettinichi- 11 de set, 2010.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Arte e Humanidade nos tempos de infância


Fotopema Flavio Pettinichi- ano 2009

Arte nos tempos de infância

Éramos Pan, Perséfone, Gaia sem Cronos e outros tantos Deuses olímpicos em nosso Éden feito de lama e trigais, deuses que todo poderiam realizar, desde montar em Pegassus até voar perto do sol feito Ícaro sem medos.
Para nós, um dia eu falarei quem éramos nós, a vida era uma atitude de arte e criação, como é para toda criança acho, mas existia algo mais em nosso reino. Labirintos de flores e mistérios, portais cósmicos nas noites de luas e pirilampos, dragões místicos e distantes geografias desenhadas nas negras nuvens dos dias de tormentas. assim fomos aprendendo a lidar com a magia intrínseca do Homem da qual o mesmo homem deu a chamar de arte ou atitude criadora.
Em dias de chuva fazíamos montanhas de lama, amassando pacientemente a terra ate ela virar o que depois viríamos a conhecer como argila ou cerâmica, para nós isso era vida, uma espécie de sermos deuses que poderiam criar tudo o que quiserem, desde um pequeno cântaro ate a cabeça de um mostro vindo de outra galáxia, que claro, nunca teria menos de 5 olhos.
Criaturas divinas e fantásticas iam surgindo entre uma risada e alguma peça quebrada, carros de três rodas, pássaros de longos bicos e penas gigantescas, e claro, a mulher e o homem, pois deuses sempre queriam ter as suas criaturas próprias para poder governar para os seu anseios.
As minhas criaturas tinham o poder do vôo e a palavra, a do outro teria com certeza o poder da força e os sortilégios e por ai íamos criando um exercito de personagens que um dia guardaríamos no coração, para poder enfrentar a vida e os seus desígnios.
Isso acontecia em nosso território, mas tínhamos outro que era dentro da casa e ai existiam outras portas de percepção espalhadas pelas paredes, eram as telas pintadas pelo meu pai.
Lembro bem de duas, uma bem diferente da outra, meu pai não tinha um estilo de pintar ou desenhar, a sua liberdade espiritual e criadora nunca ia se enclausurar numa forma predeterminada ,para ele pintar era o mesmo que amar, e anos depois eu compreendi isso no amor, o amor não tem uma forma determinada e isso nos torna verdadeiramente humanos.
Uma das telas tinha pintado um cortiço, na realidade era à entrada deste, por onde eu todos os dias me perdia nas suas janelas e portas escondidas nas nuances deixadas pelo pincel.
Era uma entrada de um lugar sombrio, que para mim não era, para mim era descoberta, quem teria morado ai?, quem moraria ainda na memória de alguém?, como era viver num lugar tão amontoado de sombras?, já que a minha moradia era de cores e luz.
Eu sei que passava horas a fitar essa porta que guardava como já falei, tantas outras portas, esperando sempre um dia achar uma delas aberta, quem sabe com alguém que me contasse como era a vida na cidade ou coisa parecida.
A outra tela era um retrato, pintado a nanquim de Albert Sweitzer, um senhor de bigodes que com uma mão no queixo me olhava pensativo me perguntando sempre o mesmo, você sabe quem eu sou?
Eu respondia sempre pra ele,
Eu sei você é o meu pai dentro de muitos, muitos anos, então ele piscava um olho e sorria pra mim.
Eu ria dele, pois meu pai era bem mais belo que ele.
Anos depois vim saber quem era esse velinho, que pintado com mais de um milhão de traços de nanquim, eu passava horas a admirar para um dia eu poder sentir orgulho do meu pai por tão belo presente.
Albert Sweitzer foi a infinita grandeza do homem quando este se entrega para o homem, sem mais razão que a solidariedade e a bondade divina para com os que sofrem.

Flavio Petinichi – 07- 09- 2010.

(Albert Sweitzer – 1875- 1965
Em 1905, iniciou o curso de medicina, e seis anos mais tarde, já formado, casou-se e decidiu partir para Lambaréné, no Gabão, onde uma missão necessitava de médicos. Ao deparar-se com a falta de recursos iniciais, improvisou um consultório num antigo galinheiro e atendeu seus pacientes enfrentando obstáculos como o clima hostil, a falta de higiene, o idioma que não entendia, a carência de remédios e instrumental insuficiente. Tratava de mais de 40 doentes por dia.)
Nobel da Paz em 1952-
Fonte Wilkipedia-

domingo, 5 de setembro de 2010

Agora tua alma e o meu sentir são uma única razão

Eu subi na montanha e procurei teu horizonte
Estavas estérea em marinas rochas e mistérios
Não desisti da minha imperfeição do meu pouco humano vôo
E fui ao encontro das nossas palavras semeadas nas marés
Deixei passar ondas de dúvidas e guardei brisas de amor
Minha alma é agora o desenho do teu ser num azul céu inconformado com a saudade do teu beijo
Detive o instante do vento onde teus cabelos se emaranharam nos meus
Perpetuei o teu olhar num mar de alucinadas profundidades e mergulhei em ti como ave marinha
Agora sei que nunca mais descerei da montanha que um dia escalamos juntos.
Sei que não há mais horizonte que eu já não tenha encontrado
Agora tua alma e o meu sentir são uma única razão
Agora é Amor!
Flavio Pettinichi- 05- 09- 2010

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

“quando a barca chegar”



"Praia do Siqueira"- Cabo Frio- Fotogrfia digital manipulada- Flavio Pettinichi- 2009


“quando a barca chegar”
Tenho escutado muito das pessoas, quando algum amigo ou conhecido ou parente morre , teriam que ter dado “aquele abraço”, ter falado aquela palavra de amor, ter perdoado, ter pedido perdão, ter ido a aquele lugar ou não ter ido a aquele outro lugar.
Escuto que as pessoas ficam preocupadas com tudo aquilo que não desejaram para para essa pessoa, desejos de paz, de prosperidade, de saúde de harmonia etc. e tal .
Que teriam que ter sido melhores com elas, mas compreensivas, mais tolerantes, mais amáveis e por sobre tudo mais amorosas.
Será que é porque vemos na morte do outro a nossa própria morte?
Porque temos medo de morrer vazios de tudo isso que foi citado acima?
Porque não conseguimos transcender ao “outro” estado com tudo o bom que é a vida?
Eu me faço essa pergunta, e não sei se tenho a resposta, mas de algo eu tenho certeza, falo o tempo todo para os meus “achegados” o quanto os amo, o quanto desejo tudo de bom pra eles etc. e tal, sem por isto deixar de marcar os seus erros, pois deve ser muito feio alguém ter que morrer sem ter aceitado seus erros porque nunca ninguém os marcou.
Mas por outro lado sei que nem tudo o mundo fará isso comigo, então falo a cada dia para mim, pois eu posso morrer amanhã, sou mortal e não comprei o meu destino nem meu dia da passagem e não quero ir vazio e sem malas.
Então , quando a barca chegar eu terei falado e feito para mim:
Se ame hoje Flavio
Seja feliz hoje
Tenha sucesso hoje
Tenha serenidade
Tenha paz de espírito e da outra também
Serei bom comigo hoje
Levarei-me a passear e ver o mar
Sairei de bicicleta e cantarei uma bela canção pra mim
Perdoar-me-ei hoje
Perdoarei a alguém hoje
Abraçarei-me junto a uma arvore na praza
Tocarei meus olhos e secarei a minha lágrima
Rirei de mim e junto a mim
Verei meus erros
Aceitarei meus defeitos
E por sobre todas as coisas terei certeza que dei tudo de mim para amar e ser amado, como até agora!
Flavio Pettinichi- 03 de Set, de 2010

segunda-feira, 30 de agosto de 2010


O medo nos tempos de infância

E que era o medo nesses dias de inacabáveis descobertas?
O tempo era um estado sem nexo para nós, horas minutos ou dias só significavam mapas de tesouros ainda por descobrir e o medo não tinha significado de opressão nem covardia, muito menos empecilho para continuar a aventura da vida.
Porém, lembro de um “mendigo” personagem que andava no bairro e que era o inspirador do Medo, inspiração esta divulgada pelas mães a fim de reter seus filhos sob seu território materno.
“““ ““O Personagem em questão tinha o apelido de “Sal si puedes”, que traduzido quer dizer algo assim como,”sai de aqui se puder” .
Era velho como todo mendigo, porque para uma criança toda miséria é algo velho e ferido, cabelos brancos, encurvado e de um nariz bem pronunciado , carregava sacos brancos , de linho, brancos, absolutamente brancos como os seu cabelos e o seu olhar perdido.
Acostumava aparecer pela minha rua sempre depois que tinha chovido e filosofava sobre a condição humana e as misérias do mundo.
Meu medo , que eu tinha aceito por imposição materna, era o de ele me pegar e me carregar para dentro desses sacos imaculadamente brancos, que eu via como se fossem os troféus que ele tinha ganho nas suas andanças, e claro para mim esses troféus éramos nós, meninos que ele guardava nesses sacos .
Então eu ficava escondido por traz da cerca querendo entender o que é falava, sozinho no meio da rua, com a lama ate os joelhos, tentando descobrir a palavra mágica que tirasse o meu medo, ele não podia ser tão mau , pois eu tinha percebido no seu olhar distante um misto de poesia e batalhas,mas,eu congelava cada vez que queria assomar a cabeça para descobrir a tal da magia libertadora .
Um dia aconteceu o milagre, ou talvez dois milagres, o primeiro foi o fato de o meu pai estar com a gente, já falei que ele viajava, esse dia ele estava para nós e isso já era motivo mais que suficiente de alegria e coragem para enfrentar qualquer coisa.
Esse dia estávamos indo para algum lugar e “Sal si Puedes” apareceu do nada, claro eu inventei alguma desculpa para voltar atráz, não ia demonstrar para o meu pai o meu medo, o meu estado humanamente gélido, nem coisa parecida e deixei meu pai a alguns metros de mim e muito perto do mendigo , pensando que num ato de magia meu pai fosse fazer desaparecer essa forma corpórea do medo.
Então meus olhos viram o segundo milagre, os dois estavam conversando amigavelmente e rindo, RINDO! , como poderia ser isso ? eu sabia que o meu pai era um super homem , mas não imaginava que só com um sorriso ele fosse acabar com a personificação esfarrapada do medo.até um cigarro fumaram junto e eu ainda petrificado pela cena não conseguia discernir se era verdade ou era só o meu onírico desejo .
Alguns minutos se passaram e o meu pai percebeu que eu estava lá, alguns metros cósmicos da situação, veio, me pegou no colo e me levou apara conhecer o sujeito.pude ver claramente no seu olhar as geografias do espanto e infinitas ternuras misturadas num mesmo ser.
Falou algo sobre Sócrates ( não lembro o que) e me explicou o porque do apelido, na realidade “ Sal si puedes” , era o nome de uma cidade da Espanha e ele dizia que essas ruas lamacentas eram iguais, eu perguntei se ele era de La, ele falou, não, mas toda rua lamacenta teria que se chamar assim e rasgou a manhã com uma gargalhada que ate hoje ainda escuto.
Era o fim do medo e o começo da alegria!

Flavio Pettinichi - 30 – 08 - 10
Queridos Amigos e Amigas!
Por razões de segurança( Emocional) este blog começara a ter as postagens Moderadas, Pois têm algumas pessoas doentes que misturam as coisas, eu não sou Nem Psiquiatra nem Bruxo, não sei da Vida da grande maioria de vcs nem exponho a minha, aqui é só literatura e fotografia,então é só isso! Sei que os meus verdadeiros amigos nunca faltaram ao respeito da minha Trajetória, espero vocês com muito carinho como sempre foi!!
Vamos- que vamos!! kakakakakak

sábado, 28 de agosto de 2010

A morte nos tempos de infância


"Anjo" Fotodigital - Canon Powershot A 560- Flavio Pettinichi - 2009

E a morte era uma sombra distante que não fazia parte da nossa paisagem naqueles anos de luz e alegria.
Lembro bem à hora onde a noticia chegou, o José tinha morto, eu não conhecia muito bem ele, era um vizinho da nossa idade, mas não era dos aventureiros que a gente juntava para explorar os caminhos verdes da infância. Para nós , a morte ,era mais um acontecimento de descobertas sem nenhuma dor nem agonia presente.
E fomos conferir de que se tratava, pois tínhamos visto algumas lágrimas caindo do rosto da mãe dele e da nossa também, não é que as mesmas fossem estranhas para mim, estávamos acostumando, com as da minha mãe, a lidar com algo que naquelas terras não tinha definição e que anos depois numa outra geografia eu viria a esclarecer, era a Saudade, palavra esta que reconstrói instantes de vida e quase sempre paixão.
Na casa do Jose estava todo normal, algumas crianças iam e vinham como querendo encontrar alguma explicação antinatural dos fatos e não foi diferente para mim. Vi a mãe do defunto dando algumas ordens, uma avô ocupada em acabar de limpar a sala, um pai assinando alguns papeis e uma caixa branca com alças.
Perguntei de imediato o que era isso e alguém com muita calma me explicou que era o berço aonde os anjos iam a dormir a sua eternidade.
Claro que para mim não ficou muito claro esse assunto da eternidade.
Minha mãe nunca me deixaria dormir a minha eternidade numa caixa com alças, ela sabia que eu poderia ate me deitar um pouco embaixo do pé de laranjas ou ficar pulando tentar arrancar uvas do pomar do lado, pois para mim isso era a eternidade, as cores dos frutos, o cheiro inconfundível da uva madura a flor da laranja que nos chamávamos de Azaar, nem sei por que, mas esse era o nome.
A eternidade era o instante sublime do beijo do nosso pai quando chegava de viagem, a lua aparecendo dentre os trigais que se perdiam das nossas vistas e nos tínhamos denominado de” terra do além”. Como eu ia querer dormir nesses momentos?
Depois eu fui vendo a situação , não com curiosidade , era um misto de intensidade e letargia que acabaria num desfecho do qual não estávamos preparados para enfrentar, passarem-se algumas horas, intermináveis, a caixa continuava vazia no meio as austeridade da sala , onde uma foto pintada à mão já tinha uma rosa amarrada com barbante.
Chegou a noite e não se falou no assunto, a morte sempre foi motivo de silêncio dentre os adultos e para nós nem sequer o silêncio tinha significado concreto, fomos dormir sabendo que amanhã teríamos, mas algumas eternidades pela frente.
No outro dia fomos acordados com sorrisos calmos e muitas mãos que acariciavam o nosso rosto, vestiram-nos com a roupa mais limpa que tínhamos,limpa falei, pois “nova” há muito tempo era uma palavra olvidada.
Saímos de casa em silêncio, pois assim tinham nos recomendado, a pequena rua do povoado parecia mais pequena ainda e o sol da metade da manhã não chegava a incomodar o canto dos pássaros de um abril tênue de cores e mistérios.
Chegamos lá e a caixa já estava fechada , algumas mulheres choravam em um estado de ternura que se confundia com o branco absoluto da caixa do sono eterno, outras não entanto rasgavam o letargo geográfico com um pranto de infinita agonia.
Cada um de nós pegou uma alça e carregamos a caixa ate o cemitério, que até então eu nem sabia da sua existência , pausadamente tínhamos que parar cada vez que alguém chegava perto dela e proferia uma oração entre dentes e soluços, assim fomos ate achar a cova rasa onde seriam depositados os anjos e suas eternidades, seguramente alguma uva madura estaria guardada nessa caixa .
A partir desse dia tive a certeza que toda eternidade se vivencia de olhos bem abertos, nunca gostei de lugares pequenos, muito menos com alças.

Flavio Pettinichi – 27 – 08- 10

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

O amor em tempo de infância

Como conheci o amor, naqueles dias púberes de experiências poucas? Como descobri que existia algo que era um sentimento alem dos prazeres que eu já conhecia, tirar frutos do pomar, correr atráz das borboletas,saltar nas poças depois da chuva e tomar leite de uma vaca que cuidavam na da chácara de uma tia que morava tão longe quanto a minha imaginação.
Acredito que tenha sido nalguma noite de tormentas e solidão , não a minha solidão, que naquela época não existia no meu pensamento, falo da solidão da minha mãe tendo que enfrentar uma vida distante do mundo, mundo este que ela nem conhecia nem pressentia ao menos.Uma mulher de alguns anos de mãe ,na época, e muitos de menina ainda, lembro dela e dos seu medos nesses dias de tormentas ,teria apenas 20 anos , já 3 filhos e uma marido de geografias distante .
Na hora que começavam as tormentas no pomar nós só pensávamos no canto das rãs e o barulho dentre as folhas de um velho eucalipto, confidente de todas nossas aventuras e descobertas, ela ,não entanto pensaria nalgum modo de abafar o barulho do vento que se filtrava por dentre as fendas da janela pobre da nossa casa austera .
Sabias que depois dos ventos viriam os trovões e ela também sabia.
Era ai que o amor se manifestava na sua mais clara essência humana e eu sentia que algo diferente iria bater no meu coração ate que a tormenta acabasse
Minha mãe pegava os 4 filho e junto com eles se escondia embaixo da cama ,abraçando o grupo como fazem as aves e minha mãe era para mim a grande Águia tentando nos dar serenidade e conforto, eu não sabia porque , mas sabia que era bom, todos ali embaixo de uma cama esperando que acabassem as tormentas , a do medo, a da distancia de um amor ingênuo e a tormenta da solidão perante um futuro incerto e a natural , mais essa não tinha demasiada importância
Claro que todos sabiam que as tormentas passavam em algum momento, as poças estariam espelhando estrelas, o eucalipto voltaria a abrir seus braços para acolher cada um de nós e minha Mãe prepararia aqueles bolinhos de chuva que tanto gostávamos e pelos quais nós competiríamos para ver qual deles tinha o pedaço maior de maça.
Então eu já amava os mistérios do mar...
Flavio Pettinichi – 26- 08- 2010

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

vida nova, palavras novas !


" Ferias em Cabo Frio"
Fotografia :Flavio Pettinichi- editada e manipulada

Férias Netianas,coisa boaaaaaaaa!!! com boas Novas .
Vamos entrar numa outra faze... sim?
Ninguém esta deixando a poesia de lado, para mim cada palavra tem som de poesia e cada diálogo, métrica de poema, vai depender do interlocutor.
Por outro lá vi neste mundo-blogal que até José Saramago tinha um Blog de poesias...
Então entraremos pelas crônicas e os sentires humanos, nem tão poéticos as vezes nem tão caóticos outras , tentar descrever vivencias, minhas e de outros porque não?, falar de arte, cultura, arte, cultura, arte, cultura, arte, cultura...OPS! Espera ai Flavio!, cadê o amor?
O amor se vivencia e se sente, não se fala , dizia a minha avó que era índia e que num dia radiante de sol de outubro me deu de presente um copo de água e falou pra mim , “ vida só precisa de duas coisas simples, o amor vivenciado e uma flor para dar de presente a quem se ama...”
Tudo bem, mas não vamos falar de política aqui?
A política se pratica nos comitês ou nas barricadas, aqui só seria conversa de boteco barato, e eu há anos que não freqüento eles.

Então arte é cultura só?
É ! a humanidade precisa de mais alguma coisa?
Abraços para todos e sejam bem-vindos ao maravilhoso mundo dos que ainda acreditam nesse ALGO A MAIS!
FDP

quarta-feira, 18 de agosto de 2010


Porta de Cabo Frio - foto Flavio Pettinichi = 2010


Não conheço portas fechadas,
conheço sim portas que ainda não abri.
Reconheço em mim janelas abertas á paisagens
onde teu corpo é um caminho de trigais e sol.
Vou cruzando pórticos,saltando pontes, voando pelos telhados na procura do teu céu infinito.
E quando o dia seja vida e a tarde teu tênue silêncio eu te amarei em poemas.
Porque antes que as sombras sejam a noite e durante o amalgamar do sol com as estrelas
eu te amarei de portas abertas.
Então as portas fechadas só serão a fortaleza dos nossos sonhos e da ternura eterna.

Flavio Pettinichi- 18 – 08- 10

terça-feira, 17 de agosto de 2010


Mimetizei-me dentre as ruas tênues dum inverno claro
Fui deixando medos dentre as pedras do passado
Uma flor num jardim se confunde com meu ser
Risos de crianças na calçada é o meu riso em ti

Vou recolhendo cantos que agora são teu ar de amar
E a poesia do dia traz um desígnio de espuma e sal
Estou mimetizado de tudo o que é plena paz
E quase transparente sou a brisa que te beija em sonhos

Mimetizo um céu que me pertence internamente
E um interior que carrega o cosmos da tua alma
Latejam em mim as gotas de chuva e os girassóis
Tatuam-se na minha pele as primaveras do teu corpo

Mimetizado de ti em mim não preciso de espelhos
Um pombo observa (o resto do cigarro) calado e mimetizado no asfalto pensa em ti.

Flavio Pettinichi – 17- 08- 10

domingo, 15 de agosto de 2010

Desenhei no éter tua forma de luz
E emoldurei teu ser na minha alma
Recolhi de ti as cores do outono
e pintei mil primaveras
Juntei todas as texturas dos teus sentidos
e esculpi o universo do desejo
Transfigurei-me na paisagem dos teus sonhos
e agora a realidade é a nuance perfeita dos sentimentos
A obra do amor está pronta...vamos?
a vida não espera.

Flavio Pettinichi – 16- 08- 2010


"Perdão"
Foto: flavio Pettinichi- Canon Powershot560-2009 -S/ tratamento digital


Eu te peço perdão por seguir teus passos em cada flor e ter desencontrado o sentido da solidão
Eu te peço perdão pelo tempo e a distância, por não ter sabido ser água na hora do teu mar de lacrimal alegria.
Eu te peço perdão porque perdi o mapa do medo e alucinado corri até teu plexo suicidando meu ego.
Eu te peço perdão porque já não há noites sem estrelas nem dias sem mistérios quando sinto teu beijo
Eu te peço perdão por ter deixado no passado minha mochila carregada de silêncio e agora sou teu canto e você meu soneto
Eu te peço perdão pelo meu pecado voraz de adormecer as tormentas e fazer da poesia meu pão e teu aconchego.
Eu te peço perdão por saber que sou humano e desconhecer a palavra certa que desnude todo o meu amor por ti.
Agora eu sei que sem ti não há vida nem oração que brilhe dentro do meu peito.
Amem.
Flavio Pettinichi-13-08- 10

quarta-feira, 11 de agosto de 2010



janela de Arraial do Cabo- RJ. Brasil-Flavio Pettinichi- 2010- Canon EOS rebel

Escrever é fácil, utilizar algumas figuras de linguagem, metaforizar ou declarar poeticamente alguns sentidos escondidos é fácil.
O assunto e fazer da palavra algo mais que uma simples flor, trazer com ela o espinho e a raiz, o minério e o desgarro da terra ai é que é difícil
Transformar a palavra num soco ou numa caricia é coisa de poetas, mimetizar-la dentre as pedras e os cacos de vidro é a humana tarefa, senão a palavra perde a magnitude do homem e quem a colher, fica a caçar borboletas do final da primavera
Então não esperem de mim simples e visíveis palavras.
Trago comigo uma foice e alguns cavalos livres como o vento, algum antúrio que tem 25 anos e um sorriso que encurta toda distância, porém isso não é passaporte de calmas e sim um torrencial desejo de sentir e descobrir a palavra que ainda está calada.

Flavio Pettinichi- 11-09- 10
Dedicado a minha companheira poetisa Felina!

sexta-feira, 6 de agosto de 2010


fotografia Flavio Pettinichi 2010

Pai, achei um balão cor de laranja no meio da rua, sabe pai? Foi um disco voador que o deixou, tá bom, não foi um disco .tinha uma forma estranha, tipo roda de carro como aquele que você me deu de presente..
tá certo pai, você ainda não me deu, mas eu já sinto ele , igual ao teu cor de laranja...como voce pintou ele, heim? Lembra daquela vez que você pintou todas as flores do jardim?
Eu falava com elas em inglês e você ria porque eu não sei inglês ainda, mas sei japonês, porque você , Pai , você fala comigo em todos os idiomas, até em japonês , até em silêncio fala comigo..em que pais se fala em silêncio pai?
Será naquele país que os elefantes são cor de rosa? Sim ,aquele que você montou, que derrubava fortes dos bandidos ,,,lembra pai? Nossa! Eu tinha um medo?
Mas eu sabia que você nem dormia para cuidar de mim e eu fazia de conta que dormia para escutar as tuas histórias..que eu as vezes pensava..será que meu pai não esta inventando?
Mas não! Eu vi as fotos de você quando foi pra lua e escreveu meu nome junto ao teu la bem alto..onde nada nem ninguém nunca vai conseguir nos separar!! Sabe porque?
Porque eu te amo meu pai e isso eu não inventei ..isso foi Deus quem me ensinou e de presente me deu você!
Pai Eu te amo..!
teu filho Flavio Pettinichi

Dedicado ao Meu pai Ricardo Nicolas Pettinichi! 2010

Detalhe da Obra " paixão" óleo sobre tela de Flavio Pettinichi

Que amor tu queres, amor?
Foge de mim, só tenho o rufar dos ventos
E o ofegante canto das espumas na areia
Foge da dor que sinto quando a pétala murcha
E só tenho uma lágrima que guardo em silêncio

Queres um amor que desconhece o tempo?
Porque quebrei todos os relógios que marcam as horas do olvido
Foge de mim enquanto reconheces teu caminho, pois depois de ti eu apaguei todo sinal da trilha do meu passado

Queres este amor onde as brisas são ciclones?
Onde toda geografia é devastada cada vez que chega a saudade?
E só ficam nossos corpos entrelaçados num cosmos de desejo.
Se isso queres, então é simples, abre o teu sorriso e guarda teu coração na minha mochila de vidas...
Antes, não esquece, me dá um beijo!

Flavio Pettinichi- 06- 08- 10

domingo, 1 de agosto de 2010



Fotomontagem flavio Pettinichi- canon eos rebel xs- 2010


Ressuscitar as pedras e fazer do rio um beija-flor
Reconhecer no silêncio a cor dos girassóis
Alterar os ponteiros dos relógios em pétalas
Cochilar no regaço da madrugada enquanto mamamos estrelas

Renunciar a todo idioma e pintar sementes nos livros
Amar o desconhecido do outro semeando suspiros
Desconhecer o sexo dos anjos e fazer amor a cegas
Fechar a porta do adeus com a chave da esperança

Entoar um salmo com as migalhas de um pão dormido
Tomar o café da manhã na noite dos desejos impuros
Esculpir na areia um fado que cante melancolias azuis
Caminhar na geografia do prazer e não voltar a página

Só assim a vida tem sentido na hora que a poesia dorme
E teu beijo ainda aguarda meu destino.

Flavio Pettinichi- 29 - 07- 10

sexta-feira, 30 de julho de 2010

um prato de comida,uma fruta madura, uma flor e a mulher amada, que mais pode pedir um homem?
Flavio Pettinichi 2010

sábado, 24 de julho de 2010

E que o tempo seja um jardim e a esperança puro rio

E que o tempo seja um jardim e a esperança puro rio
Onde teremos que regar cada hora como uma rosa
Um tempo de germinadas alegrias e serenidades de luz
Banhadas pela essência dos corpos que se esperam e se amam.

E que a luz seja da intensidade dos desejos e as caricias
E as sombras uma tela virgem onde pintaremos nosso amor
Fazendo do final da tarde o esboço que conclui na obra do prazer
Sentindo que não há espaço que não seja preenchido pelo gozo

E que a lágrima seja pássaro que voa na floresta dos sonhos
Onde o ninho do destino acolherá cada instante de nós
Entregando a Deus a nossa magnitude de humano ser
Para receber a plenitude do dia que floresce perante nossos corações

Só assim o amor há de ser a geografia que espera pelos nossos passos
Só assim não há de existir distância nem caminho que não possa ser desbravado.
Flavio Pettinichi- 24- 07- 10

terça-feira, 29 de junho de 2010



Cordas,amarraras e um tempo sem feridas
Às vezes os nós tomam conta de nós nus
E desatamos tormentas adormecidas sem sol
Clamando pelo desejo e apagando a dor

Texturas e sombras transformam o som
Há um sortilégio esquecido sem piedades vãs
Onde a calma reclama dos pregos e os espinhos
Aonde a penitência um dia sem lamentos foi

Blasfemaram nas trevas que negam o amor
Falaram versos vazios cheio de ódio e rancor
Calaram na hora do medo e na alegria sofreram
Fugiram da insanidade bendita da paixão

Cordas e amarras ainda libertam a minha alma
E meu espaço é o mimetismo das sombras
Quero-me na liberdade dos que sonham sangrando
E coagulam a morte quando o dia anoitece

Flavio Pettinichi- 30 – 06-2010Julho

sábado, 19 de junho de 2010

Eu que escolhi sonhos nas estantes das bibliotecas
Que roubei do rio algumas palavras transparentes
Eu que nunca soube o caminho certo na hora errada
Que acordei em tempestades e fui dormir em algas

Vejo hoje que a vida foi um agasalho de ternura e luz
Que não há hora para comer o pão da alegria e o desejo
Caminho nas ruas vazias e cumprimento cada sombra
E não considero a loucura um transtorno e sim uma dádiva

Eu que fiz da minha voz uma extensão dos ventos de primavera
Que lapidou a pedra preciosa da serenidade e da poesia
Eu que se despiu de falsas atitudes e coragens terrenais
Que nada pediu em troca quando a miséria bateu a porta

Nego o homem que não semeia estrelas nem colhe esperanças
Reescrevo o manual dos dias e queimo cartas de amores olvidados
Porque não há em mim nada que não seja mutável e perene
E vou à procura de uma verdade que não conhece dogmas.

Flavio Pettinichi – 18 de junho de 2010

terça-feira, 15 de junho de 2010

Eu amava os dias onde os loucos comiam rios
E os suicidas cortavam seus pulsos com o clarão da lua
Eram então tão alucinadas as magnólias venenosas
E tão doloroso o amor, que nem sentíamos o espinho da rosa.

Eu amava os dias nos quais os idiotas cantavam na chuva
E os miseráveis pediam o pão do olvido embaixo da ponte
Porque as conchas marinhas morriam antes que a alegria
E as tardes não choravam escondidas no crepúsculo.

Eu amava os dias onde os amantes sangravam de paixão
E o chão era um pântano de ofegantes promessas
E vejo agora como era azul o rosto daquela amada
E tão cinza o destino que, em vão, só um deles sonhava.

Hoje não amo mais
Porque aqui e agora eu só amo você.

Flavio Pettinichi – 15- 06- 2010

quinta-feira, 10 de junho de 2010



Dentre os restos do minério
alcancei tua luz
Arranhando o crepúsculo e as sombras
não há caminho que não tenha
teu destino
Então deixo o sepulcral silêncio
e esculpo teu corpo no éter da minha alma.

Flavio Pettinichi- 10 de junho de 2010
Fotopoema em parceria com a modelo J.
Dedicado à meu amor felino longe das distâncias

segunda-feira, 7 de junho de 2010

furia e tempestades
fazem paerte do meu cardápio

algumas palavras soltas
são suficentes para teu poema

botes e mares sem distâncias
e toda a geografia do teu corpo

uma insanidade de Sentidos
acordando o manhecer e os desejos...

Flsvio Pettinichi Maio 2010

segunda-feira, 31 de maio de 2010


camera Nikon d 3000 sem edição
flavio Pettinichi 2010
Outono III
Alguns velhos botes e um horizonte de sonhos
Areias da cor do olvido e um adeus esquecido
Houve no destino do marinheiro um relâmpago tênue
E no cais da espera, uma poesia entalhada na madeira

Antes de o sal nascer o sol já queimava o crepúsculo e o desejo
Porque foram as sombras as que burlaram o destino e as chuvas
Foram as mãos rudes e os seios fartos mimetizados nas conchas
E antes da tarde acabar acordaram as amarras presas a si e zarparam

Houve um silêncio atordoando o espaço e a brisa deteve seu canto
Pedras e abissais fendas não compreenderam o pranto do pássaro
Uma sereia muda fez sinais ao navegante cego de insigne postura
No horizonte só um ponto é a visão da vida
E a gargalhada ainda ecoa no infinito noturno
Flavio Pettinichi- 30- 05- 2010

terça-feira, 25 de maio de 2010



Da série Texturemas transcendentais "OUTONO" sinfônia em Silêncio- Movimento I
Foto digital manipulada- Flavio Pettinichi - 2010

quinta-feira, 20 de maio de 2010


Da séreie Texturemas Transcendentais " OUTONO"
fotografia digital manipulada- canon power shot A 560- Flavio Pettinichi

“Outono” – Movimento I
Série”sinfonia em silêncio, 4 movimentos, Texturemas Transcendentais-
Maio de 2010

Trabalho experimental e conceitual sobre fotografias digitais manipulada( edição por computador) , onde a natureza em decomposição e o corpo humano são destaques.
Todas as fotografias foras realizadas no outono de 2010 e fazem parte do Projeto Sinfonia em Silêncio e terá 4 etapas de exibição ( 4 movimentos) uma para cada estação do ano, Outono, Inverno, Primavera e Verão.

O realizador da Mostra, artista plástico Flavio Pettinichi, procura chamar à reflexão sobre a importância de entendermos que, hoje mais do que nunca, o ser humano é uma fusão indissolúvel com o meio no qual habita (natureza e temporalidade) e que só através de uma aceitação espiritual , pode-se chegar a transcender em harmonia ao estado que chamamos de VIDA.

"Há um silêncio além da falta de sons ,como assim também há um movimento escondido além da quietude.
A metamorfose da matéria acontece dentro desses parâmetros, estados, mistérios, e a nossa própria materialidade é um turbilhão que acontece alem de nos mesmos.
A natureza como corpo vivo e o corpo como natureza , vai deixando rastros na geografia do tempo, cores numa tela continua,acordes na partitura da vida.Não há morte quando a vida vai além da cronologia dos fatos,não há tempo quando entendemos e festejamos que toda brisa e toda espuma marcam um mesmo compasso.
Outono, como uma preparação à mudança, onde a nostalgia e a calma se mimetizam em cores e texturas de sonhos.
Outono , onde a cadencia e o murmúrio da vida chama ao sossego de sim mesma para se reconhecer sem espelhos.
É nas texturas expostas e nas formas da matéria que encontramos o poema intrínseco da palavra que não fala , ela limita-se a sentir desde um olhar intimista e congela o alucinado átomo ,(sempre em atividade) exilando sem revoltas o desespero do instante onde nós transcendemos para ser elementos.
Flavio Pettinichi- maio 2010

terça-feira, 18 de maio de 2010



Digital Photo - Flavio Pettinichi- 2010

A insônia das horas é uma ferida desesperada de dor
As sombras dos flamboyants não percebem o canto da noite
Ondas e rochas maritimamente salinas adocicam as esperanças
Um beija flor dorme junto as pétalas de uma flor clandestina

A madeira do bote velho afunda suas magoas em terra
Uma moça bonita não acredita em sapos nem em sementes
Não há mistérios pintados no muro da esquina da escura
Um cego cruza a via láctea sem bengalas e ri de si mesmo

Caixotes de papelão é a geografia do homem sem pranto
Numa janela sem vidros alguém esqueceu uma reza vela
Há cinzas na relva que adormece os passado das flores
Uma página arrancada da bíblia desconhece a fé e os salmos

Está poesia é apenas um espelho do silêncio da espera.

Flavio Pettinichi-19 – 05- 2010

sexta-feira, 7 de maio de 2010



"Poema marinho" Foto digital - sem manipulação - B & W - Flavio Pettinichi 2010

Tive
Caracóis, estrelas marinhas, caminhos de areia e horizontes azuis
Limo nas pedras eternas e sais de ancestres guardiões das profundezas
Ruas desertas , caminho de alucinadas distâncias e efêmeras solidões
Tanta imagem e tanto tempo de espera num relógio cego de esperas

Tenho
Marés vivas onde os caracóis dançam na luz do horizonte e riem
Efêmeras espumas que abriram as portas profundas dos mistérios
Calcadas onde as crianças tocam campainhas e correm olhando o céu
Algum desenho feito na areia que caiu da ampulheta quebrada

Terei
A profundeza do teu mar aonde os caracóis de luz aninharão na areia
A leveza das brisas desenhando um horizonte de infinitas cores no meu sorriso
Trilhas cobertas flores pintadas a mão roubadas do teu vestido etéreo
A tua obra feita de essência tatuada na minha alma de navegante dos sonhos

Flavio Pettinichi- 07- 04- 2010

segunda-feira, 3 de maio de 2010


"cores da noite" fotografia digital- Canon A560 - power shot-Sem tramento -
flavio Pettinichi - 2010-


Antes das sombras acordarem a noite desejaremos paz
E depois das magnólias exilarem as suas pétalas, também
Porque há um rio de infinitos cantos de amor e temeridade
E um iluminado sortilégio de cores invadindo a noite

Abriremos cada porta e cada janela onde possa entrar a luz
E fecharemos gaiolas e hospícios onde a dor cresceu sem razão
Esconderemos as armas guardadas no porão da inconsciência
E daremos férias aos nossos soldados famintos de santas guerras

Destilaremos as lágrimas de sal e beberemos o tempo de sonhar
Serviremos na mesa o cansaço do pão e brindaremos sem nada a desejar
Porque toda ferida será terra e toda esperança será manancial
E despidos de agonias renunciaremos a todo o que seja escuridão

Antes das magnólias acordarem a noite com pétalas ou sem sombras
Desejaremos paz...

Flavio Pettinichi- 04- 04- 2010

quinta-feira, 22 de abril de 2010



Fotografia Digital - tratamento de bordas- Cannon 560 - Flavio Pettinichi- RJ



Como num desespero de folhagens e agonias de sombras
As horas passam sem deixar estrofes nem rimas do teu poema
Uma ferida aberta no espaço do que foi a janela do amor agora sangra
E as pegadas deixadas no pergaminho dos dias são agora apenas signos

As palavras são, agora, uma extensão da geografia exaurida do olvido
Os sonhos saltaram à jaula das feras famintas e só ficaram restos de pétalas
Não há lágrima que regue a flor dos desertos nem os campos de girassóis
Hoje o vácuo deixado pela ausência do teu corpo dói na hora do crepúsculo

Deixa-me chorar na pagina marcada do livro que não acabamos de ler
Deixa-me arrastar a cruz ensangüentada pela tristeza e a nostalgia do teu beijo
Deixa-me estar a sós com o que restou da paisagem e das gaivotas
A brisa levou o teu perfume e ainda assim há horizonte para minha alma marinha
Meu navio ainda navega o mar do teu riso e zarpamos juntos...

Flavio Pettinichi- 19 – 04- 2010


Fotografia Digital Cannon 560 powershot ( Sem tratamento) - Flavio Pettinichi 2010


Desde a torre labiríntica e indecifrável dos dias
Observo alguns traços deixados pelos lobos insones
Pegadas ressecadas na silueta do absorto destino
Restos de carniça e ossos nus de expostas esperas

Calculo como um arquiteto de esquadros curvos
A superfície rugosa das juras vãs de eternidades vãs
Rachaduras nos cristais da janela da alma fragmentam o tempo
E o côncavo inesperado da noite desabrocha o universo

Desenho formas, que sangram sem dor, no sofrimento das marés
Esboço os mananciais antes da sua entrega maritimamente suicida
Extirpo, em retilíneas frases, o perfume do ocaso na flor de outono
Reconstruo e libero o som encarcerado da sôfrega espuma

Descer da torre é um mergulho internamente kamikaze
Preciso emergir de mim sem o escafandro do ego voraz
Atos e entreatos de uma peça exausta emudecem os sonhos
Há uma velocidade órfã na rota do poema e não quer a minha mão.

E eu deixo...

Flavio Pettinichi – 22 – 04 - 2010

domingo, 11 de abril de 2010



Fotografia Digital, cannon 560 Power shot
Modelo : An


Na estreita rua onde as sombras faziam parte indissolúvel da passagem, os amantes selaram o pacto de amor e silêncio.
Não houve a palavra que amarrasse os corcéis selvagens da paixão nem sequer a oração mastigada numa igreja sem penitentes, deixaram que as brumas se dissipassem em formas de sonhos e que as cores corressem livres nas veias e texturas de um lençol pintado de esperas.
Calos ásperos, de jornadas marítimas e distantes horizontes, desenhavam paisagens nas costas de um geográfico corpo fêmeo, beijos de alucinadas vertentes alagavam a musculatura de quem um dia foi distância.
A tarde foi caindo num abismo de estrelas e o adeus era só uma sensação do recomeço, na rua estreita os paralelepípedos esqueciam as pegadas e os lamentos...
Vulnerável é tudo aquilo que se concretiza após os sonhos, intangível é tudo aquilo que se consegue só com a palavra.

Flavio Pettinichi- 11-04- 2010

domingo, 28 de março de 2010


da sèrie "Testuremas "Transcendentais " fotografia digital . flavio Pettinichi- 2010

Aqui, nesta floresta de sentidos perenes
Onde o geo-silêncio acorda e geme em tormentas
Aqui, neste deserto de raízes secas e expostas
O sal e a espuma criam e recriam formas de sentimentos e luz
Aqui, na profundidade abissal dos sonhos
Há de existir um tesouro de cadências e estrelas ainda por abrir
Aqui, onde a inúbia desgarra a serenidade e ecoa no horizonte
Encontro o esqueleto enterrados do tempo e suas espúrias horas
Aqui , não há mais que portas e janelas, ora abertas , ora fechadas
E a paisagem é uma sombra que metaboliza a razão das coisas
Aqui, onde o desencontro das certezas é uma dádiva
Não há lugar para a agonia das marés vazantes das saudades
Aqui , neste recôndito espaço do éter, o caos é um instantes de constelações
E deambulam os desejos e as poesias livres como cavalos selvagens
Aqui dentro da minha alma...
flavio Pettinichi - março de 2010

terça-feira, 23 de março de 2010


Texturemas transcendentais
FotoArte: flaviopettinichi - 2010


Gosto da suculência das palavras
Engordando o esquelético vazio do silêncio.
Amo a ríspida dureza dos verbos a destempo
Arranhando as intestinas paredes do momento.

Sou defensor do verso trunco e a estrofe amputada
Aceito o destemido punhal do acaso quando acaba a rima.
Sim, não me venham com matemáticas dos sentidos verbais
Uma vírgula pode ser o impasse entre um soco ou um chute.

Escrevo como um ato suicida e insano como um coelho na alcatéia
Morre-se antes ou depois da próxima sentência, mas, sempre se morre
Sou irmão de sangue dos adjetivos em desuso e dos qualificativos infames
Desconheço a gramática que acorde as tormentas, prefiro as janelas.

Gosto da suculência das palavras ...
Flavio Pettinichi- 23 – 03-2010

domingo, 21 de março de 2010


Não é minha voz a que grita e desgarra as palavras
E sim uma interminável agonia de esperas
Não é a minha violência a que dá o soco nas trevas da alma
É sim uma tempestade que não perdoa as magnólias inertes
Não é meu sangue, humanamente pouco, quem coagula instantes
É sim uma infinita via láctea de estrelas agonizantes antes do dia
Não é minha visão a que alarga o horizonte dos impuros ímpios
É sim a profundidade das marinas rochas a que enterra as algas da fé
Não é a minha palavra a que adormece numa rua sedenta de absinto
É sim a insignificância das sombras a que atinge o alvo dos niilistas.

Flavio Pettinichi – 21- 03- 2010 – outono já

quarta-feira, 17 de março de 2010


Sinto na aspereza da estrada cega o desgarro da palavra inocente
Antes da noite inerte cobrir a luz do homem eu era flor e canção
Antes do grito das águas eu era um angel sem asas e flutuava em ti
Agora a solidão é um mapa no qual eu estou aprendendo a ler

Já acordei em maremotos e trilhos de uma velha estação
Já devorei ventos e vomitei a mais bela poesia no inferno do ser
Nada foi tão devastador como o vazio de um livro sem a última página
Nada foi tão cruel como teus lábios exilando o beijo fugitivo

O abraço do frio aperta o que ficou corpóreo em mim e me afoga
Sôfrego o meu destino de arte e tão rude como uma rua sem saída
A ofegante respiração do mar pede o meu auxilio de sal e horizonte
Preso da minha ilusão, sou navegante a procura da estrela num mar cósmico

Perdi a bússola , agora tudo é liberdade...
Flavio Pettinichi – 15 – 03- 2010

sábado, 13 de março de 2010



Primeiro fui o Verbo e o verbo na cosmogonia essencial
Antes de mim estavam os cantos que devoravam as tormentas
E antes dos cantos o silêncio estelar de toda matéria exposta
Depois fui maré em um mar parindo sonhos e destinos

Andei na incomensurável agonia do tempo e as vagas horas
Lentamente fui expandindo as vísceras de uma carne que não era minha
Fui resplandecendo em nuances e brilhos de uma pedra ainda por lapidar
Um lago de lágrimas de alegria mostrou meu corpo de asas e ventanias

Fui acordando em cada folha reverdecida e em cada pedra do abismo
Dos bosques decifrei os papiros da fé e das rocas extrai o mel das harmonias
Ecoei meu sentir num outro sentir de caminhos e guitarras de sol
Colhi a inverossímil sensação das distâncias e os infantes pecados

Agora já não há caminho nem mistérios que ceguem meu empírico rumo
Cartas de amor rasgadas, jardins esquecidos, uma taça vazia e teu batom
Tudo é terra fértil onde as minhas sementes buscarão o seu refugio vital
Voltarei até o cerne hídrico e minha alma será rio onde mergulhe teu desejo
E em bolhas de ar navegaremos etéreos.

Flavio Pettinichi- 12- 03- 2010

quarta-feira, 10 de março de 2010


Quando éramos crianças os sonhos eram frutos maduros
E os pássaros mensageiros da alegria das cores e sons
Quando éramos crianças o tempo era um bolo de cometas
E nos córregos navegavam mistérios de luz sem destinos

Eram azuis os trigais e o amanhã era um brinquedo de lata
As flores tinham a fragrância da chuva na eterna primavera
A novidade do amigo era a saturnal festa dos deuses pagãos
E a fé era a cama quentinha no inverno das horas

Todas as piedosas mentiras eram verdades de um dia
Não existia o medo e a raiva nem o nunca ou o sempre
A janela do quarto era a porta do onírico universo
Os nossos desejos eram só alguns a mais que as estrelas

Quando éramos crianças juramos felicidade eterna
Lembras?

Flavio Pettinichi – 10-03-2010