quarta-feira, 25 de agosto de 2010

O amor em tempo de infância

Como conheci o amor, naqueles dias púberes de experiências poucas? Como descobri que existia algo que era um sentimento alem dos prazeres que eu já conhecia, tirar frutos do pomar, correr atráz das borboletas,saltar nas poças depois da chuva e tomar leite de uma vaca que cuidavam na da chácara de uma tia que morava tão longe quanto a minha imaginação.
Acredito que tenha sido nalguma noite de tormentas e solidão , não a minha solidão, que naquela época não existia no meu pensamento, falo da solidão da minha mãe tendo que enfrentar uma vida distante do mundo, mundo este que ela nem conhecia nem pressentia ao menos.Uma mulher de alguns anos de mãe ,na época, e muitos de menina ainda, lembro dela e dos seu medos nesses dias de tormentas ,teria apenas 20 anos , já 3 filhos e uma marido de geografias distante .
Na hora que começavam as tormentas no pomar nós só pensávamos no canto das rãs e o barulho dentre as folhas de um velho eucalipto, confidente de todas nossas aventuras e descobertas, ela ,não entanto pensaria nalgum modo de abafar o barulho do vento que se filtrava por dentre as fendas da janela pobre da nossa casa austera .
Sabias que depois dos ventos viriam os trovões e ela também sabia.
Era ai que o amor se manifestava na sua mais clara essência humana e eu sentia que algo diferente iria bater no meu coração ate que a tormenta acabasse
Minha mãe pegava os 4 filho e junto com eles se escondia embaixo da cama ,abraçando o grupo como fazem as aves e minha mãe era para mim a grande Águia tentando nos dar serenidade e conforto, eu não sabia porque , mas sabia que era bom, todos ali embaixo de uma cama esperando que acabassem as tormentas , a do medo, a da distancia de um amor ingênuo e a tormenta da solidão perante um futuro incerto e a natural , mais essa não tinha demasiada importância
Claro que todos sabiam que as tormentas passavam em algum momento, as poças estariam espelhando estrelas, o eucalipto voltaria a abrir seus braços para acolher cada um de nós e minha Mãe prepararia aqueles bolinhos de chuva que tanto gostávamos e pelos quais nós competiríamos para ver qual deles tinha o pedaço maior de maça.
Então eu já amava os mistérios do mar...
Flavio Pettinichi – 26- 08- 2010

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