sábado, 31 de dezembro de 2011


Fotoedição de : flaviopettinichi@gmail.com

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

dança teu nome em espumas...


Eu fumei os botes esta noite
Bebi cada lasca de madeira e horizontes
Devorei sonhos que não eram meus
E dormi ao som das cartas (de amor) mortas
As distâncias nunca foram primaveras
O passado afundou dentre sombras e lágrimas

Eu continuei fumando botes
E (agora)devorando lascas de madeiras podres já sem horizontes
Palavras em silêncio são poemas abortados
Silêncios sem palavras sãos adagas que perfuram medos
Não desisti das agonias das pedras nem das marés pasmas

A bebida do homem é o sangue da noite
Fumei meu ultimo bote de madeira podre
E no que foi horizonte dança teu nome
Em espumas...

Flavio Pettinichi – dezembro de 2011

Quanta dor é necessária para parir o amor?


Quanta dor é necessária para parir o amor?
Quantos passos levam ao destino das almas?
Ressuscitar as flores não acordará os jardins?
As sombras dançam na escuridão do silêncio?

Perguntas vãs, perguntas órfãs , perguntas
Só a certeza do meu ofegante pulmão grita
Só a incerteza do amanhã me é intima
E não sinto o medo das horas feridas de lapsos.

Querer guardar um rio num copo é quebrar o sonho
Querer o não querer é a utopia da liberdade
Querer semear distâncias é a insanidade do deserto
Querer-te é um tumulo sem cruz nem flores.

Então eu te mostro meu lado sujo de sangue e espinhos
Meu lado vil de ternuras oníricas e ambições de esperanças
Mostro-te o meu mais pueril ato infame de ser feliz
E fico a esperar que os navios sejam brumas no horizonte.

Flavio Pettinichi- 09- 12- 2011
Fotografia: Flavio Pettinichi- Modelo : A

Então fomos indo e vindo nas palavras


Então fomos indo e vindo nas palavras, nas incógnitas que faziam da nossa amizade algo mágico e infinito.
Estivemos em tempestades emocionais, dores de sentidos e sentimentos confusos .
O tempo passou e com ele passaram lágrimas, risos, esperas e distâncias que pareciam eternas.
Intermináveis horas de experiências mal resolvidas e pequenas conquistas foram o prato servido na mesa em noites insones.
Ruas de frutas, igrejas pecadoras, abraços apertados e algum beijo mal-roubado , tua mão soltando os pássaros da vida e o meu olhar
Amores que não vingaram , ódios que não germinaram, sonho que aconteceram e desejos que dormiram até o amanhecer da verdade.
Tudo era motivo de barulho e vertigem na insana mania de querer extrapolar o tempo que só tem tempo de si mesmo.
Hoje o silêncio e o fastio da raiva são a razão do vazio que germina numa geografia exaurida e inerte.
Talvez amanhã teu sorriso claro acorde e da janela do perdão volte a iluminar a vida!

Flavio Pettinichi- 27- dec. 2011

domingo, 16 de outubro de 2011



Fotografia : Flavio Pettinichi " ensaio das sombras "

E é tarde quando a tarde jaz crepuscular
Canto e lamento das sombras gemem em silêncio
São as tuas mãos que crispam os sonhos cegos
E é o meu agônico desejo quem não se reconhece

Na perenidade das palavras crescem dias neutros
E toda magia é um grito de espanto e pássaros tensos
Temos que desenterrar fantasmas e brincar nus no desespero
Perder o medo do momento que pareça eterno

É noite agora e este instante de penumbras calou mistérios
É noite antes e perante e já sinto o rugir do tormento
Recalcitrante ele vem ao meu encontro e bate sedento
Grita e desfalece quando a misericórdia da espera acontece.

Espero o dia ...

Flavio Pettinichi – 12- 10- 2011

sexta-feira, 14 de outubro de 2011



Fotografia- Flavio Pettinichi- 2011

Não tenho saudades de ti
Tenho saudades do tempo absorto
Tenho saudades do espaço vazio deixado entre nós
Tenho saudades das magnólias que murcharam
Clandestinas.

Não tenho saudades de ti
Tenho saudades das raivas que não tivemos
Dos beijos escondidos nas sombras do espanto
E do poema que sangrou sozinho numa rua
Estreita.

Porque não te amar foi a inconsistência das horas
A fruta madura que apodrece na margem das cartas
Sem mandar.
Não te amar foi um presente de vasos quebrados
E a incógnita de Perséfone na hora da colheita

Amar nas trevas é um sortilégio de marinas serpentes.

Flavio Pettinichi – 14- 10- 2011

segunda-feira, 26 de setembro de 2011


foto: Flavio Pettinichi 2011


Não há silêncio na imensidão da poesia dormida
Não há aconchego no regaço da dor do poema mudo
Então a minha pedra voa e ecoa no descontrole da noite
E estilhaça toda impunidade que censure o grito da palavra.

Não há perdão nem redenção para os que esquecem a aurora
Não há indulto nem indulgencia para os que amputam os rios
Minha foice decapita estrondos de pesadelos escondidos nas almas
Pintando de vermelho o beijo demoníaco do espanto que ainda espera.

Quem de nós é livre do pecado absurdo de morrer sem voz?
Quem de nós quer pagar a penitência das pedras e as espumas?
Louvada seja o instante onde deitamos para parir o poema
Louvados sejam os poetas que não dormem desenhando a constelação
Dos sonhos!

Flavio Pettinichi – 25- 09- 2011
Sinto o suor da alcatéia e seu nauseabundo ofegar
Espasmos de medos e taciturnos pensamentos vis
Há no rastro da dúvida gotas de coagulada espera
E pegadas secas de um tempo em vão.

Sinto-os chamarem desde o porão da raiva branca
Com flores murchas apertadas nas suas garras de misericórdia
Lateja a noite o seu coração de feridas sombras
Dentre apócrifas escritas num livro em branco e sem perdão.

Clamam as bestas com salmos de renegados amores
Escondendo-se nas trevas de promessas sem destino.
E no espelho da alma ecoam imagens esvaídas de si
Porém nada detém a estridência da sua dor e desespero

Há um lago onde as feras afogam seus sonhos
E os cisnes deleitam-se com o canto das algas
Então todo silêncio murmura sua harmonia de luz
E nessa geografia fictícia o homem cala ...sorrindo.

Flavio Pettinichi – 26- 09- 2011



Fotografia manipulada, Flavio Pettinichi 2011

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Apenas




Fotografia Flavio Pettinichi - 2011




Apenas algum retalho de tempo escondido nas sombras
Apenas algumas vasilhas quebradas e uma flor morta
Apenas um silêncio engasgado na garganta da noite
Apenas um poema coagulando no espinho dorsal da rosa

E nós apenas esta imensidão de mistérios escuros
Nós este labirinto de sentimentos escusos sem sentidos
Apenas nós esta ferida aberta na fé sem êxodos ou preces
Nós apenas que desdenhamos as pétalas murchas das palavras

Porque a poesia é apenas uma caricia ensangüentada de ternura
Porque a poesia é apenas um barco sem leme nem gaivotas
Porque a poesia esfaqueia os tolos e condena os beijos mortos
Porque a poesia é apenas uma razão resguardada na loucura

Apenas...

Flavio Pettinichi – 21 de junho de 2011

sexta-feira, 10 de junho de 2011



Fotografia e Texto- Flavio Pettinichi - 2011

Desentranhas desde o útero a aurora
Da intermitência dos desejos és acorde
Torre de sons e partitura de caminhos
Estás na essencialidade de vida corpórea

Num tempo de germinar a música ,sonhas
Pulsas oinstante onde as aves trinam a dor
E onde as águas correm és mansidão
Silêncio do silêncio a tua cor e o teu suor

Desandar as palavras de toda sombra
Amamentar a raiz que teima secar sem sol
Dedilhar as cordas dos navios do medo
Sentir até onde a luz é matéria em som

Este é o sentido da poesia quando,calada, renasce.
Flavio Pettinichi- 10- 06- 2011



"há música na forma do teu silêncio."
Fotografia e tesxto : Flavio Pettinichi - 2011

segunda-feira, 16 de maio de 2011



largo São Bento, Cabo frio - RJ-Foto manipulada : Flavio Pettinichi

Correntes faíscam na noite do medo
Luzes que iluminam o pânico do vazio
Há um coagulo de nostalgias e veias abertas
E agonizam as marés dos dias perdidos

Quem acordou o corvo faminto da tua alma?
Quem atropelou o sinal que detinha a raiva dos peixes?
Esquartejadas misericórdias vagam no relento
E não existe o pecado quando Deus narcotiza a fé

Vomitam sonhos os que nunca dormem de cansaço
Cospem plenitudes as virgens grávidas de olvido
Supura a ferida do sobrevivente da gargalhada vazia
E um copo quebrado tem as marcas do fastio.

Já é tarde...
Flavio Pettinichi – 16- 05- 2011

quinta-feira, 5 de maio de 2011


Série " Musicalidade Corpórea"
fotografia e texto: flavio Pettinichi - 2011


Na ancestralidade de teutônicos movimentos
Há tempos de luz dentro do som corpóreo.
Uma borboleta de sonhos acorda o silêncio
Então , como num regozijo de ventos, sinto-me

Madeira, couro ,atabaque ,couromadeiraatabaque
Repetição de cantos, cantos e acalantos sem prantos
Madeira, couro ,atabaque ,couromadeiraatabaque
Descompassos e pegadas na areia de esquecidas marés

Nua a sonoridade invade o espaço do espanto
Nua é toda naturalidade do singular medo da poesia
Nua a alma é uma sinfonia de formas infinitas
Nuas são as palavras que despem o pudor da noite.

Flavio Pettinichi- 06- 05-2011

domingo, 1 de maio de 2011

Série " Música Corpórea"
Fotografia e texto: Flavio Pettinichi - 2010



Cordas e acordes leves que elevam o silêncio
Harmonizando o latejar no corpo que sente o espasmo
Não há medo nem liturgia quando o som acorda o espaço
E sem dogmas a partitura sanguínea toca o intimo do ser.

Num sem fim de notas os dedos estremecem a noite
Num sem fim de estrelas a noite toca o cosmos
Infinitas nuancem descobrem o que foi mistério
E despida de temores a derme murmura o compasso da vida

Deixa-se levar o tempo quando não há tempo de esperas
Deixa-se soltar a amarra quando o barco pede o vento
A música deixa livre as agonias enclausuradas nas sombras
E é a melodia do corpo quem canta quando dançamos a vida.

Flavio Pettinichi- 01- 05- 2011

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Música corpórea


Fotografia e texto: Flavio Pettinichi - 2011


Hoje te dou meu som e o meu pulsar
Sons de galopes e pegadas de cavalos selvagens
Sons que invadem a noite e derrubam medos
Sons ancestrais como a essência nua da alma

Hoje te dou as minhas cores e meu sentir
Cores que pintam as desertas ruas da solidão
Cores que , insanas, cobrem de luz teu corpo
Cores compostas de sonhos e ternuras

Hoje te dou meu corpo e o meu desejo
Corpo que estilhaça esperas e esquece a palavra
Corpo que desnuda a prece e desconhece o pecado
Corpo de fera e floresta de crepuscular imanência.

Flavio Pettinichi- 28- 04- 2011

terça-feira, 26 de abril de 2011


Música corpórea II
Texto e Fotografia: Flavio Pettinichi- 2011
Da série “ quatro estações” - INVERNO


Eu te abraço dentre espinhos e cacos de vidro
Dentro da putrefação da agonia, te abraço
E sinto em mim um silêncio de saudades
Como faca que, perfurando a noite,
sangra estrelas

Eu te abraço sem o meticuloso ato de parir poemas
Porque te abraçando não sinto a dor que não fere
Nem a teimosia inerente das pedras enfeitando o mar
Abraçando-te algo morre em mim é não é o pecado.

Eu te abraço na clemência e na tortura das palavras mudas
Mudas pedras que em nada mudam o destino do rio
E assim como um nascimento de cactos abraço a vida
Que nada me deixa a não ser a sensação da espera.

Agora deixo o meu corpo inerte como uma nota esquecida
Deixo-me arrastar dentre as sombras que não guardam medos
Deixo a volúpia da insana noite estuprar isto que foi essência
E é agora parte do éter na magnificência musical da vida.
Flavio Pettinichi- abril- 2011

sábado, 23 de abril de 2011

Sou o desafinado violino de uma orquestra muda



fotografia e texto : flavio Pettinichi- 2011

Eu sou esta revolução que sangra das suas múltiplas feridas
Sou esta revolução que deságua no ralo do medo
Eu sou a mentira que grita agonizante e sem perdão
Sou todo o pecado que ainda não foi cometido

Sou a falta da vergonha e todo o corrupto ser
Sou o pau travando a roda e o cerol na línea do prazer
Sou quem te chuta na escuridão e foge às sombras
Sou a cuspida no teu prato e o lençol sujo na tua lágrima

Sou o perdão de Deus e o exílio da bondade no éden
Sou toda irreverência na hora do enterro e a prece
Sou a mão que rouba a esmola do cego e o faminto
Sou o espinho da única flor no deserto da caridade

Sou o desafinado violino de uma orquestra muda
Sou a pedra que mata o pássaro na brincadeira infantil
Sou a lama do descalço na noite das infames promessas
Sou o espelho quebrado que esconde o rosto do silêncio

Isto é, porque apenas sou...
Ser humano.

Flavio Pettinichi- 23- 04-2011

sábado, 9 de abril de 2011

música corpórea


Ensaio Fotográfico-
Foto e Texto : Flavio Pettinichi- 2011
“Música Corpórea - Nus vestidos de som”
Instrumento divino, a fêmea forma.

Existe uma sinfonia dentro do silêncio e o corpo feminino guarda os segredos de harmonia e compassos na partitura da sua forma.

Existe um sem fim de notas musicais mimetizadas no fruto que irá transcender da humana forma-mulher, que, numa explosão de sentidos, traz à tona a música vital.

Não há dissonância na essencial condição que possa atordoar o canto supremo da existência, quando a mulher entoa o salmo do amor e a entrega magna à ele.

Amor este, que canta e dança nos quatro pontos cardeais do homem, assegurando a eternidade do ritual da criação suprema que denominamos como Vida.

O instrumento como corpo e o corpo como instrumento, fazem um jogo conceitual da procura inata do ser, muito mais na mulher, quando pensamos nas características fundamentais dela.

Quem negará a fibra quase madeira da mulher na luta e na entrega?

Quem ofuscará o brilho do metal reluzente onde espelhamos nossos momentos?

Quem desatará as cordas que ela amarra e desamarra na instancia precisa dos momentos?
Quem nunca sentiu o sopro essencial dos seus pulmões preenchidos de ventos e brisas.

Quem dirá que nunca viu a mulher como um violoncelo, calmo, seguro, presente, na hora da tormenta?
Quem já não quis tocar a suavidade visceral das suas cordas intimas?

Que como Harpa, sempre ereta, expande o som da proteção e da ternura, ternura voraz que rege o destino de todos nós.

Quem não dançou no batuque do seu coração tribal, acolhendo o que é vida?

Quem já não guardou o desejo de uma mulher como se este fosse o ultimo violino Stradivarius na fase da terra?

Corpo de musical forma, forma corpórea do som, essência latejante da harmonia, enfim MULHER.

Flavio Pettinichi- abril de 2011

domingo, 3 de abril de 2011

adaga poesia


Talvez seja riso, talvez inciso
Um recipiente vazio guarda mistérios.
E sem volúpias, uma borboleta morta
Adorna o estante do tempo escondido.

Quem desentranhará a nudez da tua alma?
O vácuo infinito do que nunca foi saudade
Quem terá a coragem de carregar o que não foi luz?
Há nos cegos uma corcunda de lágrimas secas.

Não adiantam palavras com presa
Nem atrasam os relógios de nuvens.
Sentir é um destino de desérticas razões
Feridas esperas agonizam numa plataforma
Vazia.
A poesia corrói o aço do humano inverno
Há chuvas nos dias de tristezas eloqüentes.
A poesia é uma adaga que fere sem morte
E sangra em cada instante que escolhe o silêncio.

Flavio Pettinichi – 31 de março de 2011

terça-feira, 4 de janeiro de 2011



"tchau Cinderela"- Flavio Pettinichi texto e Fotografia Digital-
sem Manipulação - Cannon Rebels- 2011

Elementares jogos de luzes e sombras
dançam dentre as cores de uma estepe insone
E teus pés, que habitam um espaço sem forma, calam
Vai teu manto rosa rasgado nas folhagens mortas
E nuas as palavras se escondem como liquens na crosta
Mamífera do teu sexo marino.
Tchau Cinderela !
Flavio Pettinichi- 01- 01- 11