segunda-feira, 13 de setembro de 2010


" Poesia Natural" foto : Flavio Pettinichi- 2009

Porque temos mais de mil razões para ser felizes
Porque não temos nenhuma razão para estar tristes
Porque a vida não pede licença para ser vivida
Porque a morte tampouco pede licença para chegar
Porque as orquídeas só florescem um mês no ano o ano todo
Porque há música quando o rio dorme dentre as pedras
Porque há caminhos que ainda não existem e nós já estamos andando neles
Porque inventamos loucas razões para estarmos juntos
Porque não há tempo nos relógios dos amantes
Porque do amanhecer ainda o que mais gostamos e a saudade da estrela
Porque Stradivarius criou o violino e Deus o homem e seu ouvido
Porque cada vez que pensamos no passado o presente é o único futuro
Porque te amo
Eu te espero!
Flavio Pettinichi – 14 – 09 - 2010

sábado, 11 de setembro de 2010


"bromelia " foto Flavio Pettinichi- 2010

“então as primaveras foram a nossa razão da vida, porque o outono tinha passado, e o inverno estava acabando e o verão ainda era parte do silencio da semente que germina à poesia da vida.
E eu te amei, cego e alucinado nas trincheiras dos que lutam e se entregam à vida como a pétala se desgarra para dar o sentido da flor.
E te senti além dos mistérios da noite e a sua constelação de saudades e lágrimas.
Agora, quando as tuas palavras guardam o encantamento dos magos é quando viajo em ti
Agora , neste instante onde vejo teu rosto dormido num sorriso de esperanças é quando calo
Porque as palavras perderam o sentimento da dor e todo caminho me leva até o refúgio da tua alma.
Porque eu te amo além dos limites da minha alma.


Flavio Pettinichi- 12 – 09- 2010

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Não há nada mais importante que a tua presença





Não há nada mais importante que a tua presença
Não há cinema nem coitos intelectuais
Não há lua no mar nem nostalgias vadias
Não há aquele final do livro nem o ultimo cigarro
Não há a noticia de ultimo momento nem Caetano
Não há falta de tempo porque nem tempo há
Não há festa nem amanhecer de fogos
Não há meu silêncio egoísta e criativo

Nada é mais importante que a tua presença

Presença do riso e das lágrimas contidas
Presença alerta na guerrilha dos sentidos
Presença do cheiro do teu corpo e o teu desejo
Nada há de ser mais importante que a tua presença
Pois nela eu me espelho como num lago de mansidão
E sonhos eternos!
Flavio Pettinichi- 11 de set, 2010.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Arte e Humanidade nos tempos de infância


Fotopema Flavio Pettinichi- ano 2009

Arte nos tempos de infância

Éramos Pan, Perséfone, Gaia sem Cronos e outros tantos Deuses olímpicos em nosso Éden feito de lama e trigais, deuses que todo poderiam realizar, desde montar em Pegassus até voar perto do sol feito Ícaro sem medos.
Para nós, um dia eu falarei quem éramos nós, a vida era uma atitude de arte e criação, como é para toda criança acho, mas existia algo mais em nosso reino. Labirintos de flores e mistérios, portais cósmicos nas noites de luas e pirilampos, dragões místicos e distantes geografias desenhadas nas negras nuvens dos dias de tormentas. assim fomos aprendendo a lidar com a magia intrínseca do Homem da qual o mesmo homem deu a chamar de arte ou atitude criadora.
Em dias de chuva fazíamos montanhas de lama, amassando pacientemente a terra ate ela virar o que depois viríamos a conhecer como argila ou cerâmica, para nós isso era vida, uma espécie de sermos deuses que poderiam criar tudo o que quiserem, desde um pequeno cântaro ate a cabeça de um mostro vindo de outra galáxia, que claro, nunca teria menos de 5 olhos.
Criaturas divinas e fantásticas iam surgindo entre uma risada e alguma peça quebrada, carros de três rodas, pássaros de longos bicos e penas gigantescas, e claro, a mulher e o homem, pois deuses sempre queriam ter as suas criaturas próprias para poder governar para os seu anseios.
As minhas criaturas tinham o poder do vôo e a palavra, a do outro teria com certeza o poder da força e os sortilégios e por ai íamos criando um exercito de personagens que um dia guardaríamos no coração, para poder enfrentar a vida e os seus desígnios.
Isso acontecia em nosso território, mas tínhamos outro que era dentro da casa e ai existiam outras portas de percepção espalhadas pelas paredes, eram as telas pintadas pelo meu pai.
Lembro bem de duas, uma bem diferente da outra, meu pai não tinha um estilo de pintar ou desenhar, a sua liberdade espiritual e criadora nunca ia se enclausurar numa forma predeterminada ,para ele pintar era o mesmo que amar, e anos depois eu compreendi isso no amor, o amor não tem uma forma determinada e isso nos torna verdadeiramente humanos.
Uma das telas tinha pintado um cortiço, na realidade era à entrada deste, por onde eu todos os dias me perdia nas suas janelas e portas escondidas nas nuances deixadas pelo pincel.
Era uma entrada de um lugar sombrio, que para mim não era, para mim era descoberta, quem teria morado ai?, quem moraria ainda na memória de alguém?, como era viver num lugar tão amontoado de sombras?, já que a minha moradia era de cores e luz.
Eu sei que passava horas a fitar essa porta que guardava como já falei, tantas outras portas, esperando sempre um dia achar uma delas aberta, quem sabe com alguém que me contasse como era a vida na cidade ou coisa parecida.
A outra tela era um retrato, pintado a nanquim de Albert Sweitzer, um senhor de bigodes que com uma mão no queixo me olhava pensativo me perguntando sempre o mesmo, você sabe quem eu sou?
Eu respondia sempre pra ele,
Eu sei você é o meu pai dentro de muitos, muitos anos, então ele piscava um olho e sorria pra mim.
Eu ria dele, pois meu pai era bem mais belo que ele.
Anos depois vim saber quem era esse velinho, que pintado com mais de um milhão de traços de nanquim, eu passava horas a admirar para um dia eu poder sentir orgulho do meu pai por tão belo presente.
Albert Sweitzer foi a infinita grandeza do homem quando este se entrega para o homem, sem mais razão que a solidariedade e a bondade divina para com os que sofrem.

Flavio Petinichi – 07- 09- 2010.

(Albert Sweitzer – 1875- 1965
Em 1905, iniciou o curso de medicina, e seis anos mais tarde, já formado, casou-se e decidiu partir para Lambaréné, no Gabão, onde uma missão necessitava de médicos. Ao deparar-se com a falta de recursos iniciais, improvisou um consultório num antigo galinheiro e atendeu seus pacientes enfrentando obstáculos como o clima hostil, a falta de higiene, o idioma que não entendia, a carência de remédios e instrumental insuficiente. Tratava de mais de 40 doentes por dia.)
Nobel da Paz em 1952-
Fonte Wilkipedia-

domingo, 5 de setembro de 2010

Agora tua alma e o meu sentir são uma única razão

Eu subi na montanha e procurei teu horizonte
Estavas estérea em marinas rochas e mistérios
Não desisti da minha imperfeição do meu pouco humano vôo
E fui ao encontro das nossas palavras semeadas nas marés
Deixei passar ondas de dúvidas e guardei brisas de amor
Minha alma é agora o desenho do teu ser num azul céu inconformado com a saudade do teu beijo
Detive o instante do vento onde teus cabelos se emaranharam nos meus
Perpetuei o teu olhar num mar de alucinadas profundidades e mergulhei em ti como ave marinha
Agora sei que nunca mais descerei da montanha que um dia escalamos juntos.
Sei que não há mais horizonte que eu já não tenha encontrado
Agora tua alma e o meu sentir são uma única razão
Agora é Amor!
Flavio Pettinichi- 05- 09- 2010

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

“quando a barca chegar”



"Praia do Siqueira"- Cabo Frio- Fotogrfia digital manipulada- Flavio Pettinichi- 2009


“quando a barca chegar”
Tenho escutado muito das pessoas, quando algum amigo ou conhecido ou parente morre , teriam que ter dado “aquele abraço”, ter falado aquela palavra de amor, ter perdoado, ter pedido perdão, ter ido a aquele lugar ou não ter ido a aquele outro lugar.
Escuto que as pessoas ficam preocupadas com tudo aquilo que não desejaram para para essa pessoa, desejos de paz, de prosperidade, de saúde de harmonia etc. e tal .
Que teriam que ter sido melhores com elas, mas compreensivas, mais tolerantes, mais amáveis e por sobre tudo mais amorosas.
Será que é porque vemos na morte do outro a nossa própria morte?
Porque temos medo de morrer vazios de tudo isso que foi citado acima?
Porque não conseguimos transcender ao “outro” estado com tudo o bom que é a vida?
Eu me faço essa pergunta, e não sei se tenho a resposta, mas de algo eu tenho certeza, falo o tempo todo para os meus “achegados” o quanto os amo, o quanto desejo tudo de bom pra eles etc. e tal, sem por isto deixar de marcar os seus erros, pois deve ser muito feio alguém ter que morrer sem ter aceitado seus erros porque nunca ninguém os marcou.
Mas por outro lado sei que nem tudo o mundo fará isso comigo, então falo a cada dia para mim, pois eu posso morrer amanhã, sou mortal e não comprei o meu destino nem meu dia da passagem e não quero ir vazio e sem malas.
Então , quando a barca chegar eu terei falado e feito para mim:
Se ame hoje Flavio
Seja feliz hoje
Tenha sucesso hoje
Tenha serenidade
Tenha paz de espírito e da outra também
Serei bom comigo hoje
Levarei-me a passear e ver o mar
Sairei de bicicleta e cantarei uma bela canção pra mim
Perdoar-me-ei hoje
Perdoarei a alguém hoje
Abraçarei-me junto a uma arvore na praza
Tocarei meus olhos e secarei a minha lágrima
Rirei de mim e junto a mim
Verei meus erros
Aceitarei meus defeitos
E por sobre todas as coisas terei certeza que dei tudo de mim para amar e ser amado, como até agora!
Flavio Pettinichi- 03 de Set, de 2010