terça-feira, 29 de junho de 2010



Cordas,amarraras e um tempo sem feridas
Às vezes os nós tomam conta de nós nus
E desatamos tormentas adormecidas sem sol
Clamando pelo desejo e apagando a dor

Texturas e sombras transformam o som
Há um sortilégio esquecido sem piedades vãs
Onde a calma reclama dos pregos e os espinhos
Aonde a penitência um dia sem lamentos foi

Blasfemaram nas trevas que negam o amor
Falaram versos vazios cheio de ódio e rancor
Calaram na hora do medo e na alegria sofreram
Fugiram da insanidade bendita da paixão

Cordas e amarras ainda libertam a minha alma
E meu espaço é o mimetismo das sombras
Quero-me na liberdade dos que sonham sangrando
E coagulam a morte quando o dia anoitece

Flavio Pettinichi- 30 – 06-2010Julho

sábado, 19 de junho de 2010

Eu que escolhi sonhos nas estantes das bibliotecas
Que roubei do rio algumas palavras transparentes
Eu que nunca soube o caminho certo na hora errada
Que acordei em tempestades e fui dormir em algas

Vejo hoje que a vida foi um agasalho de ternura e luz
Que não há hora para comer o pão da alegria e o desejo
Caminho nas ruas vazias e cumprimento cada sombra
E não considero a loucura um transtorno e sim uma dádiva

Eu que fiz da minha voz uma extensão dos ventos de primavera
Que lapidou a pedra preciosa da serenidade e da poesia
Eu que se despiu de falsas atitudes e coragens terrenais
Que nada pediu em troca quando a miséria bateu a porta

Nego o homem que não semeia estrelas nem colhe esperanças
Reescrevo o manual dos dias e queimo cartas de amores olvidados
Porque não há em mim nada que não seja mutável e perene
E vou à procura de uma verdade que não conhece dogmas.

Flavio Pettinichi – 18 de junho de 2010

terça-feira, 15 de junho de 2010

Eu amava os dias onde os loucos comiam rios
E os suicidas cortavam seus pulsos com o clarão da lua
Eram então tão alucinadas as magnólias venenosas
E tão doloroso o amor, que nem sentíamos o espinho da rosa.

Eu amava os dias nos quais os idiotas cantavam na chuva
E os miseráveis pediam o pão do olvido embaixo da ponte
Porque as conchas marinhas morriam antes que a alegria
E as tardes não choravam escondidas no crepúsculo.

Eu amava os dias onde os amantes sangravam de paixão
E o chão era um pântano de ofegantes promessas
E vejo agora como era azul o rosto daquela amada
E tão cinza o destino que, em vão, só um deles sonhava.

Hoje não amo mais
Porque aqui e agora eu só amo você.

Flavio Pettinichi – 15- 06- 2010

quinta-feira, 10 de junho de 2010



Dentre os restos do minério
alcancei tua luz
Arranhando o crepúsculo e as sombras
não há caminho que não tenha
teu destino
Então deixo o sepulcral silêncio
e esculpo teu corpo no éter da minha alma.

Flavio Pettinichi- 10 de junho de 2010
Fotopoema em parceria com a modelo J.
Dedicado à meu amor felino longe das distâncias

segunda-feira, 7 de junho de 2010

furia e tempestades
fazem paerte do meu cardápio

algumas palavras soltas
são suficentes para teu poema

botes e mares sem distâncias
e toda a geografia do teu corpo

uma insanidade de Sentidos
acordando o manhecer e os desejos...

Flsvio Pettinichi Maio 2010