sábado, 19 de junho de 2010

Eu que escolhi sonhos nas estantes das bibliotecas
Que roubei do rio algumas palavras transparentes
Eu que nunca soube o caminho certo na hora errada
Que acordei em tempestades e fui dormir em algas

Vejo hoje que a vida foi um agasalho de ternura e luz
Que não há hora para comer o pão da alegria e o desejo
Caminho nas ruas vazias e cumprimento cada sombra
E não considero a loucura um transtorno e sim uma dádiva

Eu que fiz da minha voz uma extensão dos ventos de primavera
Que lapidou a pedra preciosa da serenidade e da poesia
Eu que se despiu de falsas atitudes e coragens terrenais
Que nada pediu em troca quando a miséria bateu a porta

Nego o homem que não semeia estrelas nem colhe esperanças
Reescrevo o manual dos dias e queimo cartas de amores olvidados
Porque não há em mim nada que não seja mutável e perene
E vou à procura de uma verdade que não conhece dogmas.

Flavio Pettinichi – 18 de junho de 2010

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