sábado, 13 de março de 2010



Primeiro fui o Verbo e o verbo na cosmogonia essencial
Antes de mim estavam os cantos que devoravam as tormentas
E antes dos cantos o silêncio estelar de toda matéria exposta
Depois fui maré em um mar parindo sonhos e destinos

Andei na incomensurável agonia do tempo e as vagas horas
Lentamente fui expandindo as vísceras de uma carne que não era minha
Fui resplandecendo em nuances e brilhos de uma pedra ainda por lapidar
Um lago de lágrimas de alegria mostrou meu corpo de asas e ventanias

Fui acordando em cada folha reverdecida e em cada pedra do abismo
Dos bosques decifrei os papiros da fé e das rocas extrai o mel das harmonias
Ecoei meu sentir num outro sentir de caminhos e guitarras de sol
Colhi a inverossímil sensação das distâncias e os infantes pecados

Agora já não há caminho nem mistérios que ceguem meu empírico rumo
Cartas de amor rasgadas, jardins esquecidos, uma taça vazia e teu batom
Tudo é terra fértil onde as minhas sementes buscarão o seu refugio vital
Voltarei até o cerne hídrico e minha alma será rio onde mergulhe teu desejo
E em bolhas de ar navegaremos etéreos.

Flavio Pettinichi- 12- 03- 2010

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