quarta-feira, 30 de dezembro de 2009


"Antes da chuva" fotografia digital- (plagiada de uma obra de André Amaral)2009

Neste ano que começa vamos a pedir liberdade
Liberdade para o poema que está preso sem sentencia
Liberem o poema!
Senhores de etiqueta e falsas morais compradas no cartão
Liberem o poema!
Ele quer comer com as mãos sujas dos pobres e esquecidos
Senhoras gordas da caridade e culpas redimidas no cabeleireiro
Liberem o poema!
Ele não quer saber de estéticas nem de profiláticas mortes na teve
O poema quer a liberdade do amor feito às pressas numa rua escura
Quer a liberdade da fome aprisionada na barriga do medo
Liberem o poema!
Senhoritas de aveludados seios e lábios de fantasias comprados
O poema quer a liberdade dos pés sujos na lama depois da inundação
Quer o beijo anestesiado depois da extração do dente apodrecido
Liberem o poema!
Homens de pouca fé mulheres de fé alugada nos templos vazios de esperanças
O poema quer ser laico, pecador, ateu, gnóstico e infiel
Quer a liberdade como o pão quente numa segunda feira
Neste ano que começa vamos a pedir liberdade para nós
Nós que somos a matéria essencial do poema.

Flavio Pettinichi- 31 – 12- 2009

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