quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Relógios já não derretem o tempo
Uma sinfonia de surdos afaga acordes madrigais
Moraliza não sorri na penumbra do museu
Um Parangole vermelho seca no varal

Não há pecados no éden do monge velho
Fuligens e chuvas acidas cobrem o lado escuro da lua
Pirâmides e colossos desabam no olvido
A moça do brinco aposentou seus desejos

Na sala do cinema vazio nada é Transcendental
Um trem caipira esqueceu de parar nas quatro estações
Alfonzina volta do mar e morre tédio
O Ibirapurú perdeu a cor e a rebeldia

Na montanha mágica vendem-se lotes
Há letargo na terra do nunca jamais e nenhum trance
No sertão de Euclides não se vislumbram tormentas
Nem tudo vale a pena se a alma é pequena

Das tuas mãos renascem pontes amarelas
Da tua pele brotam gaivotas e chapéus
Do teu ser a arte transforma-se em vida
Agora tudo passado são enciclopédias vazias
Flavio Pettinichi 18- 11- 09

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