quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Foram invadindo cada espaço que ficava entre folhagem
Mimetizando-se com o crepúsculo e a rubra noite
Foram invadindo cada grão do sal dos dias de gloria
Insanamente foram usurpando o tempo do silêncio

Renegaram de todos os conceitos e todo dogma
Aboliram cada signo como forma e fundamento
Chutaram pedras desde o alto da ponte da sanidade
Amaram e desamaram todo pecado e toda dor apaixonada

Arrombaram portas fechadas à alegrias e os mistérios
Deitaram na cama do Rei e no chão sujo da miséria
Vomitaram no prato da madame e lamberam o copo da puta
Não sossegaram nem na iminência da desumana morte

Agora estão na esquina esperando minha alma em flor
Os ouço cantando uma perversa canção de ninar dragões
Os vejo brincando de esconde –esconde com os restos ensangüentados do dia
Os sinto arrancando a minha pele como vermelhas pétalas

Meus poemas são eles tão livres como pagãos!

Flavio Pettinichi-04-10-09

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