domingo, 8 de novembro de 2009

Escrevo para não me perder e não perder de mim a incógnita dos mistérios
Leio e releio cada página em branco que encontro na orfandade da madrugada
Vou despindo o silêncio que aprisiona o sentido das brisas e dos medos
Sinto a nudez para não sentir o vácuo na aspereza do homem e das pedras

Quando tem lua apago as luzes da noite e espreito o caminho do cosmos
Não há intensidade que eu não sinta como uma tormenta de sonhos
Há sim um sentimento de desgarro e sangue que lateja na rua vazia
Noturnas fotografias de eclipsada forma revelam-se no meu poema

Independente de toda matéria a estrofe vai concretizando o som
Lutas e claudicações esperam na ante-sala do conceito literário
Quem abrira a janela para a imensidão do sentimento sem dor?
Quem arrebatará a poesia como um doce de uma criança sem pai?

Eu só escrevo para não esquecer o intransigente destino de ser
Para declarar sem pudor que sou a continuidade de todo o vivo
Escrevo porque pulsa a barca amarrada no cais da existência
E só a palavra me dá a certeza de poder acariciar o horizonte
que em mim espera.

Flavio Pettinichi-09-10-09

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