Quem alguma vez não desejou o murmúrio das águas para si mesmo?
Quem, na desgovernada solidão da noite, não desejou o silêncio do universo?
Quem, num dia de caos, não desejou se afogar em pétalas roubadas do tempo?
Quem, não desejou, impávido, que o vento banisse os pecados e os elementos?
Eu sinto agora o meu egoísmo como uma adaga que fere a noite e canta
Um absoluto egoísmo que toma as rédeas do corcel alucinado do destino
Quero para mim uma cadeira abandonada no deserto dos infames
E um livro de páginas em branco onde eu encontre o meu abafado grito
Eu desejo que a tormenta rasgue meu manto de espúria humanidade
Eu quero um abismo de verdades incompreendidas e falsos mistérios
Eu desejo dentro do o meu eu intimo o eu que foge do insano e do incêndio
Eu desejo estar na hora que a semente atordoa o solo e germina meu espelho
Quem não desejou trancar as portas das palavras e dos verbos?
Ficar nas reticências, comer as vírgulas e esquecer os adjetivos?
Eu quero um poema que, fetal, me mostre o sorriso e o pranto da fome
Eu quero apagar cada sentença e cada verso que não seja o vital desejo.
Flavio Pettinichi- 2009-08-26
quarta-feira, 26 de agosto de 2009
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