sábado, 29 de agosto de 2009

"arquitetura ecologica" Flavio Pettinici- 2009





Eu escrevo para que descubras teus segredos de sal e sol
Pois os meus já foram expostos aos ventos e esvaíram-se
Escrevo, não porque acredite numa fé absoluta dos sentimentos
E sim porque preciso de uma entrega essencial aos mistérios

Não quero que leias as minhas exauridas palavras como ossos
Quero sim um mergulho ao teu mar de viscerais profundidades
Não escrevo esperando uma resposta de nuvens em redenção
Quero a desmaterialização do sangue esvaziando as veias

Quero me desencontrar do lugar comum do meu espelho
Queimar os livros e abolir os velhos conceitos, eu quero
Porque quando escrevo, quero teus olhos fechados de esperas
Quero tuas mãos tremulas e o teu corpo entregues ao universo

Não me leias nos versos nem em parágrafos desconexos
Cega o que pareça certo, abre teu destino infinito e etéreo
Pega de mim o grito mudo e acorda o que dorme no relento
Faz deste poema a chave da porta esquecida dos vivos momentos

Lee o espaço entre as palavras e sente o murmúrio do avesso
Escava nas entrelinhas, desdenha toda vírgula e abre o plexo
Porque a poesia nasce quando eu me leio interiormente aberto
Não há espelho mais nítido,de mim, do que aquilo que desconheço

Então diz agora:
Sinto agora que há um poema dentro de mim e ainda não foi liberto.
Flavio Pettinichi- 27-08-09

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