terça-feira, 26 de abril de 2011


Música corpórea II
Texto e Fotografia: Flavio Pettinichi- 2011
Da série “ quatro estações” - INVERNO


Eu te abraço dentre espinhos e cacos de vidro
Dentro da putrefação da agonia, te abraço
E sinto em mim um silêncio de saudades
Como faca que, perfurando a noite,
sangra estrelas

Eu te abraço sem o meticuloso ato de parir poemas
Porque te abraçando não sinto a dor que não fere
Nem a teimosia inerente das pedras enfeitando o mar
Abraçando-te algo morre em mim é não é o pecado.

Eu te abraço na clemência e na tortura das palavras mudas
Mudas pedras que em nada mudam o destino do rio
E assim como um nascimento de cactos abraço a vida
Que nada me deixa a não ser a sensação da espera.

Agora deixo o meu corpo inerte como uma nota esquecida
Deixo-me arrastar dentre as sombras que não guardam medos
Deixo a volúpia da insana noite estuprar isto que foi essência
E é agora parte do éter na magnificência musical da vida.
Flavio Pettinichi- abril- 2011

3 comentários:

Carol Morais disse...

Poema digno de ser declamado!
Um grande abraço, meu querido!

Lou Witt disse...

Linda demais!!!

Fico até sem ar.

Beijo, poeta amado!!!

Sandra Gonçalves disse...

Tão belo...
Tão puro,
Tão intenso...
Como a arte de amar...
beijos achocolatados