sábado, 23 de abril de 2011

Sou o desafinado violino de uma orquestra muda



fotografia e texto : flavio Pettinichi- 2011

Eu sou esta revolução que sangra das suas múltiplas feridas
Sou esta revolução que deságua no ralo do medo
Eu sou a mentira que grita agonizante e sem perdão
Sou todo o pecado que ainda não foi cometido

Sou a falta da vergonha e todo o corrupto ser
Sou o pau travando a roda e o cerol na línea do prazer
Sou quem te chuta na escuridão e foge às sombras
Sou a cuspida no teu prato e o lençol sujo na tua lágrima

Sou o perdão de Deus e o exílio da bondade no éden
Sou toda irreverência na hora do enterro e a prece
Sou a mão que rouba a esmola do cego e o faminto
Sou o espinho da única flor no deserto da caridade

Sou o desafinado violino de uma orquestra muda
Sou a pedra que mata o pássaro na brincadeira infantil
Sou a lama do descalço na noite das infames promessas
Sou o espelho quebrado que esconde o rosto do silêncio

Isto é, porque apenas sou...
Ser humano.

Flavio Pettinichi- 23- 04-2011

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