segunda-feira, 31 de maio de 2010


camera Nikon d 3000 sem edição
flavio Pettinichi 2010
Outono III
Alguns velhos botes e um horizonte de sonhos
Areias da cor do olvido e um adeus esquecido
Houve no destino do marinheiro um relâmpago tênue
E no cais da espera, uma poesia entalhada na madeira

Antes de o sal nascer o sol já queimava o crepúsculo e o desejo
Porque foram as sombras as que burlaram o destino e as chuvas
Foram as mãos rudes e os seios fartos mimetizados nas conchas
E antes da tarde acabar acordaram as amarras presas a si e zarparam

Houve um silêncio atordoando o espaço e a brisa deteve seu canto
Pedras e abissais fendas não compreenderam o pranto do pássaro
Uma sereia muda fez sinais ao navegante cego de insigne postura
No horizonte só um ponto é a visão da vida
E a gargalhada ainda ecoa no infinito noturno
Flavio Pettinichi- 30- 05- 2010

terça-feira, 25 de maio de 2010



Da série Texturemas transcendentais "OUTONO" sinfônia em Silêncio- Movimento I
Foto digital manipulada- Flavio Pettinichi - 2010

quinta-feira, 20 de maio de 2010


Da séreie Texturemas Transcendentais " OUTONO"
fotografia digital manipulada- canon power shot A 560- Flavio Pettinichi

“Outono” – Movimento I
Série”sinfonia em silêncio, 4 movimentos, Texturemas Transcendentais-
Maio de 2010

Trabalho experimental e conceitual sobre fotografias digitais manipulada( edição por computador) , onde a natureza em decomposição e o corpo humano são destaques.
Todas as fotografias foras realizadas no outono de 2010 e fazem parte do Projeto Sinfonia em Silêncio e terá 4 etapas de exibição ( 4 movimentos) uma para cada estação do ano, Outono, Inverno, Primavera e Verão.

O realizador da Mostra, artista plástico Flavio Pettinichi, procura chamar à reflexão sobre a importância de entendermos que, hoje mais do que nunca, o ser humano é uma fusão indissolúvel com o meio no qual habita (natureza e temporalidade) e que só através de uma aceitação espiritual , pode-se chegar a transcender em harmonia ao estado que chamamos de VIDA.

"Há um silêncio além da falta de sons ,como assim também há um movimento escondido além da quietude.
A metamorfose da matéria acontece dentro desses parâmetros, estados, mistérios, e a nossa própria materialidade é um turbilhão que acontece alem de nos mesmos.
A natureza como corpo vivo e o corpo como natureza , vai deixando rastros na geografia do tempo, cores numa tela continua,acordes na partitura da vida.Não há morte quando a vida vai além da cronologia dos fatos,não há tempo quando entendemos e festejamos que toda brisa e toda espuma marcam um mesmo compasso.
Outono, como uma preparação à mudança, onde a nostalgia e a calma se mimetizam em cores e texturas de sonhos.
Outono , onde a cadencia e o murmúrio da vida chama ao sossego de sim mesma para se reconhecer sem espelhos.
É nas texturas expostas e nas formas da matéria que encontramos o poema intrínseco da palavra que não fala , ela limita-se a sentir desde um olhar intimista e congela o alucinado átomo ,(sempre em atividade) exilando sem revoltas o desespero do instante onde nós transcendemos para ser elementos.
Flavio Pettinichi- maio 2010

terça-feira, 18 de maio de 2010



Digital Photo - Flavio Pettinichi- 2010

A insônia das horas é uma ferida desesperada de dor
As sombras dos flamboyants não percebem o canto da noite
Ondas e rochas maritimamente salinas adocicam as esperanças
Um beija flor dorme junto as pétalas de uma flor clandestina

A madeira do bote velho afunda suas magoas em terra
Uma moça bonita não acredita em sapos nem em sementes
Não há mistérios pintados no muro da esquina da escura
Um cego cruza a via láctea sem bengalas e ri de si mesmo

Caixotes de papelão é a geografia do homem sem pranto
Numa janela sem vidros alguém esqueceu uma reza vela
Há cinzas na relva que adormece os passado das flores
Uma página arrancada da bíblia desconhece a fé e os salmos

Está poesia é apenas um espelho do silêncio da espera.

Flavio Pettinichi-19 – 05- 2010

sexta-feira, 7 de maio de 2010



"Poema marinho" Foto digital - sem manipulação - B & W - Flavio Pettinichi 2010

Tive
Caracóis, estrelas marinhas, caminhos de areia e horizontes azuis
Limo nas pedras eternas e sais de ancestres guardiões das profundezas
Ruas desertas , caminho de alucinadas distâncias e efêmeras solidões
Tanta imagem e tanto tempo de espera num relógio cego de esperas

Tenho
Marés vivas onde os caracóis dançam na luz do horizonte e riem
Efêmeras espumas que abriram as portas profundas dos mistérios
Calcadas onde as crianças tocam campainhas e correm olhando o céu
Algum desenho feito na areia que caiu da ampulheta quebrada

Terei
A profundeza do teu mar aonde os caracóis de luz aninharão na areia
A leveza das brisas desenhando um horizonte de infinitas cores no meu sorriso
Trilhas cobertas flores pintadas a mão roubadas do teu vestido etéreo
A tua obra feita de essência tatuada na minha alma de navegante dos sonhos

Flavio Pettinichi- 07- 04- 2010

segunda-feira, 3 de maio de 2010


"cores da noite" fotografia digital- Canon A560 - power shot-Sem tramento -
flavio Pettinichi - 2010-


Antes das sombras acordarem a noite desejaremos paz
E depois das magnólias exilarem as suas pétalas, também
Porque há um rio de infinitos cantos de amor e temeridade
E um iluminado sortilégio de cores invadindo a noite

Abriremos cada porta e cada janela onde possa entrar a luz
E fecharemos gaiolas e hospícios onde a dor cresceu sem razão
Esconderemos as armas guardadas no porão da inconsciência
E daremos férias aos nossos soldados famintos de santas guerras

Destilaremos as lágrimas de sal e beberemos o tempo de sonhar
Serviremos na mesa o cansaço do pão e brindaremos sem nada a desejar
Porque toda ferida será terra e toda esperança será manancial
E despidos de agonias renunciaremos a todo o que seja escuridão

Antes das magnólias acordarem a noite com pétalas ou sem sombras
Desejaremos paz...

Flavio Pettinichi- 04- 04- 2010