sábado, 29 de agosto de 2009

"arquitetura ecologica" Flavio Pettinici- 2009





Eu escrevo para que descubras teus segredos de sal e sol
Pois os meus já foram expostos aos ventos e esvaíram-se
Escrevo, não porque acredite numa fé absoluta dos sentimentos
E sim porque preciso de uma entrega essencial aos mistérios

Não quero que leias as minhas exauridas palavras como ossos
Quero sim um mergulho ao teu mar de viscerais profundidades
Não escrevo esperando uma resposta de nuvens em redenção
Quero a desmaterialização do sangue esvaziando as veias

Quero me desencontrar do lugar comum do meu espelho
Queimar os livros e abolir os velhos conceitos, eu quero
Porque quando escrevo, quero teus olhos fechados de esperas
Quero tuas mãos tremulas e o teu corpo entregues ao universo

Não me leias nos versos nem em parágrafos desconexos
Cega o que pareça certo, abre teu destino infinito e etéreo
Pega de mim o grito mudo e acorda o que dorme no relento
Faz deste poema a chave da porta esquecida dos vivos momentos

Lee o espaço entre as palavras e sente o murmúrio do avesso
Escava nas entrelinhas, desdenha toda vírgula e abre o plexo
Porque a poesia nasce quando eu me leio interiormente aberto
Não há espelho mais nítido,de mim, do que aquilo que desconheço

Então diz agora:
Sinto agora que há um poema dentro de mim e ainda não foi liberto.
Flavio Pettinichi- 27-08-09

sexta-feira, 28 de agosto de 2009


Nas favelas,
Quando a noite chega calada
A escuridão grita em silêncio.
favela em Cabo frio - Rio de Janeiro- Câmêra Canon PowerShot A560- Modo manual expos. 8 segundo..sem edição.ISSO 80- FLAVIO PETTTINICCHI- 2009

quinta-feira, 27 de agosto de 2009


Coisas que passam desapercebidas e que são vitais:Deixar de ler um poema quando lavamos roupa

A roupa não envelhece, nós sim.

Não escrever uma carta por que não achamos a caneta, nem o endereço

Escreva com tinta de saudades, um amigo pode viajar sem endereço fixo, para sempre.

Não sentir a brisa da manhã por ter que fritar um ovo no café da manhã

Ovos não são bons para um corpo sadio numa mente insana.

Não molhar os pés nas águas do mar, rio ou lagoa, por estar de meias

Nem sempre alguma peça do vestuário esquenta a alma.

Deixar para depois escutar algum concerto de piano, por estar no carro

Se mal conhecemos a nossa floresta interior não acalmaremos a fera que nela habita.(a música acalma as feras)

Deixar de beijar meus seres queridos por medo de borrar o batão

Com certeza borrar as boas lembranças não vai ajudar muito na hora da foto.

Não sentir o grito da madrugada no momentoque está parindo um novo dia

Tem ruídos piores no vazio das horas.

Flavio Petttinichi- 27-08-2009
Detalhe de uma porta interna da Capela de São Francisco- Cabo Frio- Rio de Janeiro- Brasil-

Câmera Cânon Power Shot – Manual- ISSO - 80

sábado, 22 de agosto de 2009

edição Digital de um Detalhe do meu quarto!!!
Dizem as más línguas que os poetas vivemos do vento
Pois bem, é mentira ,também vivemos das nostalgias esquecidas
Das tardes vazias de amores e do sorriso da maldade sadia
Vivemos dos vestígios e pecados do que ainda é vida.

Soube de um poeta que morreu quando a noite não gemia
De um outro que casou com as sombras de uma agonia
Contaram-me de aquele que brisas e sonhos comia
E de uma poetiza que só cantava ás gaivotas quando elas dormiam

Ontem mesmo, João poeta fez um banquete de alegrias
Maria poesia empapuçou quando bebeu estrelas e maresias
Juntamos-nos para celebrar a valentia e a humana covardia
Somos seres normais, sofremos como sofrem as sementes quando germinam

Dizem e comentam as más línguas que os poetas sumiram
Pode ser, talvez estejam brincando numa rua ensolarada e vazia
Procurando o sustento que alimente sua nescesididade divina
Uma palavra amiga para brincar de esconde-esconde com a essencial poesia chamada vida.
Flavio Pettinichi- agosto de 2009

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

"Detalhes"
Aonde vão as pétalas arrancadas, quando de ti foge o perfume?
Aonde vai o vazio do quarto quando tua nudez invade o espaço?
Que acontece quando o grito da noite cala no teu infinito olhar?
Cadê as cinzas das cartas de amor que incendiaram minha pele?

Quero sentir a brutalidade do teu ar inundando meus pulmões
Quero a ressecada matéria nos meus lábios esquecidos de lagrimas
Ensina-me tua intransigência voraz na hora do beijo carente de luas
Dá-me tua fumaça roubada do meu cigarro queimando o resto do gozo

Porque olvidamos uma cama insepulta no sementeiro e não colhemos flores
Derramamos palavras cruas no fervente instante insano do adeus
Aceitamos uma sentença cega de justiças que nos condena à saudade
E na cela das nostalgias um pombo ensaia o destino de Ícaro

Então Pergunto; sentirá a pedra imemorial a dor do limo que seca ao sol?
Terá urgência a sombra que esfria o tesão geográfico da terra?
Não quero uma resposta de verborrágicos sentimentos e vãs juras de fé
Quero a tua essência exposta e dilacerada como um banquete de lobos.

Flavio Pettinichi- 16 de agosto de 2009

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Nós

Das espumas que batem na rocha, escuto o canto do adeus
Das pegadas deixadas na areia, decifro teu nome de paz
Uma gaivota pousa na imensidão horizontal do teu corpo
Então espero em vão as palavras que despem os pecados

Sempre quis saber qual é a eternidade escondida em ti?
Qual dos mapas feitos de sangue me leva até teu sal?
Agora quando eu não sou mais que vento, nem secas folhas cairam
E no deserto, folhas de um poema queimam na areia

Quem falou que a saudade é um don dos que amam na distância?
Se a distância coagula na infinita noite!
Quem recriou a canção que tínhamos esquecido como um pacto?
Se as vozes do passado, tem a intensa cor das tormentas!

Do limo cicatrizado nas algas, faço meu leito e te espero
Dos sons abafados das medusas, aprofundo meu plexo em ti
Uma taça de vinho seca de tanto abismo na sua essência
Então procuro num ritual de pedras a sombra do que fomos nós.
Nós que fizemos um no e ninguém desatou.

Foto e fragmento Poético :Flavio Pettinichi- 2009
Foto cais de Cabo Frio – Canal do Itaujuru- ano 2009.Câmera Cânon Power shot.560- Modo automático

quinta-feira, 6 de agosto de 2009


da série Sensualidade Clandestina- Flavio Pettinichi- Fotografia e texto

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Sensualidade Clandestina

Há uma sensualidade escondida atrás do desejo, uma sensualidade que extrapola o sentido da carne, como um rufar de violência inocente e uma abrangência do etéreo.

Há na sensualidade uma intimidade com a noite e sua insana liberdade que sobre-passa limites e fronteira.

Há na sensualidade uma infinita fome do que ainda desconhece e que, sem mistérios explode em partículas de formas e nuances que vão se mimetizando com o pulsar dos corpos.

Isso eu chamo Sensualidade Clandestina.Flavio Pettinichi- agosto de 2009